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Morador de Brasília, sobrevivente do Holocausto conta a sua história

No Brasil, Nachum Reiman encontrou segurança e, no Lago Norte, mora com os filhos. Aos 94 anos, ele e outros sobreviventes dos campos de concentração serão homenageados

Judeu nascido em Lublin, na Polônia, Nachum Reiman morava em uma comunidade judaica da cidade quando os alemães invadiram o país, em setembro de 1939. Prestes a completar 18 anos, era o filho mais velho de uma mulher que confeccionava sacos de embalar compras. O pai os vendia no atacado a comerciantes. O casal tinha outro filho, um ano mais novo. O Holocausto dizimou a família de Nachum. Ele sobreviveu a essa e a outras tragédias. Buscou refúgio no Brasil, onde conheceu a mulher, com quem teve três filhos. Há um ano e meio, mora em Brasília.



Família brasileira
Vindo de navio, o polonês desembarcou no Rio de Janeiro durante o carnaval de 1954. ;Quando desembarquei na Praça Mauá, vi aquela bagunça nas ruas, gente fantasiada, cantando e batucando. Pensei: Meu Deus! Que país maluco é esse?!”. Recebido pela comunidade judaica, logo passou a frequentar sinagogas e eventos de associações israelitas. Em uma delas, conheceu a mulher com quem se casaria, Eugênia, uma judia brasileira.

Desde agosto de 2014, o sobrevivente do extermínio de judeus pelos alemães, mora na casa da filha, no Lago Norte. Aos 94 anos, apesar das dificuldades de locomoção e audição, ele ainda mostra grande disposição e humor. Vai àsinagoga uma vez por semana, adora contar histórias e não guarda mágoas. ;Vingança? A minha ficou para trás, no dia em que libertei a minha cidade. Nunca mais voltei lá porque não tinha mais ninguém para ver;, frisa, para logo completar: ;Todo judeu tem seu trauma. Cada um o curou a seu modo.;

Homenagem aos sobreviventes
Nachum Reiman estará ao lado de outros sobreviventes do Holocausto, moradores de outras partes do país, hoje à noite, em cerimônia organizada pela Confederação Israelita do Brasil (Conib), no Edifício-Sede da Ordem dos Advogados do Brasil, em Brasília. O evento marca o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, instituído pela ONU.
A data, criada em 2005 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, marca o dia em que tropas soviéticas libertaram o campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia, em 27 de janeiro de 1945.

A Conib realiza uma alternância para sediar a cerimônia, que em anos anteriores ocorreu em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife, Salvador e também em Brasília, em 2013, quando homenageou Souza Dantas, embaixador brasileiro na França, e Aracy Guimarães Rosa, funcionária do consulado em Hamburgo, que salvaram a vida de centenas de judeus europeus nos anos 1930 e 40. Na capital baiana, em 2012, homenageou também os negros que foram vítimas do Holocausto.

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