Cidades

Apesar de endereço nobre, Torre Palace Hotel é símbolo de insegurança

Moradores de rua, craqueiros e até integrantes de movimento sem-teto invadiram um dos primeiros hotéis de luxo do DF. O GDF nada pode fazer, pois o prédio é privado

postado em 27/01/2016 13:40
A edificação que um dia abrigou um dos primeiros hotéis de luxo de Brasília representa a sensação de insegurança no centro da capital federal. Na Quadra 4 do Setor Hoteleiro Norte, a menos de 4km do Congresso Nacional, fica o antigo Torre Palace Hotel. Ocupado desde outubro do ano passado por integrantes do Movimento Resistência Popular (MRP), o prédio também serve de moradia para andarilhos e usuários de drogas. O Correio teve acesso ontem aos 13 andares. Por lá, o cenário é de destruição e abandono. Mesmo com a situação, o Governo do Distrito Federal (GDF) alega não poder fazer muito, pois o terreno é particular.

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Logo nas imediações da estrutura é possível perceber os rastros de sujeira. O MRP informa que cerca de 120 famílias ocupam do 3; ao 9; andar. Argumentam que as negociações com o governo estão barradas e só sairão do local após conseguirem moradia. O grupo se instalou depois de retirado do Clube Primavera, em Taguatinga. Antes disso, também havia invadido o St. Peter Hotel. No mesmo mês, uma decisão da Justiça pediu a reintegração de posse, mas a liminar foi derrubada, uma vez que os autores da ação não conseguiram apresentar os documentos necessários para comprovar a propriedade do imóvel.

Além disso, há mais 30 pessoas no antigo Torre Palace Hotel, entre sem-teto e dependentes químicos. Muitos dormiam no Setor Comercial Sul e, com o abandono do prédio, se mudaram para lá. Um jovem de 23 anos que está no local há quase um ano acompanhou a entrada da reportagem no local, com a condição de que nenhum rosto fosse fotografado. Mesmo com a presença da equipe, os ocupantes não se inibiram e consumiram crack e maconha.

Monitoramento
Sem qualquer proteção ou isolamento, o prédio está destruído. No lugar onde funcionava um dos restaurantes, no térreo, só restam pedaços do teto e das paredes espalhados pelo chão. O fosso do elevador está repleto de lixo. Foi lá que, na última sexta-feira, um princípio de incêndio mobilizou o Corpo de Bombeiros. ;Alguém estava fumando e jogou a ;guimba; do alto;, disse o rapaz ouvido pelo Correio. Os dois equipamentos estão parados no 10; andar.


Pelas escadas sem corrimão, pessoas descem e sobem o tempo inteiro. Os andares ocupados pelo MPR ficam isolados com portas no hall de entrada. Nos demais, há entulho, latas, cigarros e preservativos. Os carpetes ainda estão no chão. Os dois últimos andares revelam o total abandono. A água parada domina o que um dia comportou um auditório. A casa de máquinas, no último andar, teve todos os objetos retirados.

[SAIBAMAIS]A Polícia Civil admite preocupação com o prédio. ;O Setor Comercial Sul é um dos locais que trazem os maiores números de criminalidade. No hotel, temos duas situações: aqueles que são do MPR e os moradores e usuários de drogas que migraram do Setor Comercial Sul. A polícia mantém o monitoramento da área para evitar que o problema se torne maior no futuro;, explicou a delegada adjunta da 5; Delegacia de Polícia (Área Central), Aline Maia.

Por meio da assessoria de Comunicação, a Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais do GDF responderam que o prédio é privado. Sobre o MPR, o governo respondeu que permanece em diálogo com os representantes do grupo. O Correio entrou em contato com o advogado de um dos proprietários do Torre Palace Hotel. Ele informou que não estava autorizado a falar sobre o assunto e entraria em contato com os responsáveis para possível posicionamento. Até o fechamento desta edição, a reportagem não obteve resposta por parte dos donos.

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