Moradores de Cavalcante (GO) e do Distrito Federal se mobilizaram para ajudar dois vilarejos kalungas atingidos pela cheia dos rios Prata e Corrente no município goiano. Cerca de 24 famílias ficaram desabrigadas na região após uma forte chuva. A força das águas derrubou casas feitas de adobe, carregou ferramentas e utensílios domésticos, destruiu plantações e matou vários animais. Eles precisam de comida, colchões, roupas e lonas para improvisar abrigos temporários. A prefeitura da cidade mandou cestas básicas e remédios para os ribeirinhos e também está coletando donativos.
Pelo menos 22 residências foram atingidas pela força das águas. Moradores da cidade e prefeitura demoraram cerca de 24 horas para saber do incidente, pois as estradas que dão acesso à região, conhecida como Vão do Moleque, também foram destruídas pelo temporal. Com amigos, um guia de ecoturismo de Cavalcante criou uma página batizada de ;Campanha de Doações para Comunidade Kalunga; no Facebook, para orientar voluntários. Eles pedem que o material seja entregue na Casa Kalungana, em Cavalcante, na saída para o Engenho II.
Além de doações, voluntários procuram proprietários de carros 4x4 que possam ajudar a transportar os produtos, pois, com as condições das estradas, se tornou impossível chegar aos vilarejos em veículos comuns. Os grupos também querem montar postos de doação no DF e em Goiânia.
Kalungas
Segundo um dos responsáveis pela página, Thiago Machado, mais conhecido em Cavalcante como Thiago Roots, eles só não encontraram, ainda, um local para centralizar a recepção das doações. ;A pior das chuvas aconteceu em 27 de janeiro. As estradas ficaram destruídas e demorou para a informação chegar até o município. O mais importante agora é que façamos chegar comida para eles.
Os kalungas que vivem às margens do rio Prata foram os mais atingidos. ;As notícias estão chegando aos poucos. Tem gente morando debaixo de lona, dentro do mato, com poucos mantimentos e sem utensílios de trabalho. Por isso, a comida virou uma urgência. Tentamos arrecadar colchões, roupas, calçados e alimentos. Mais para a frente, eles também precisarão de ajuda para a reconstrução das casas;, explica Thiago.
O prefeito de Cavalcante, João Neto, disse que essa foi a pior chuva da região nos últimos 15 anos. Ele decretou estado de emergência no último sábado e pediu auxílio do governo do Goiás. Ele esteve nos locais por duas vezes e relatou a destruição que viu às margens do Prata. ;Tudo que era roça se acabou. A água arrancou cercas e arrastou animais. Foi sorte que ninguém tenha morrido. Segundo os moradores, eles enfrentaram uma enchente parecida há 33 anos. Precisamos da ajuda da população para reverter a situação;, disse. (L. C.)