Jornal Correio Braziliense

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Dengue cresce 240% no DF com 1.794 casos registrados só neste ano

Mais um morador de Brazlândia morreu possivelmente em decorrência da forma hemorrágica da doença. Um novo caso de zika vírus teve confirmação

A cada semana a atualização do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde revela o triste cenário que a capital federal enfrenta. Apenas este ano já são 1.794 casos de dengue. Em comparação com o mesmo período do ano passado, a alta é de 240%. Houve, ainda, a confirmação de uma nova infecção por zika vírus. Ontem, a forma hemorrágica da doença pode ter feito a terceira vítima em Brazlândia em menos de um mês ; a cidade registrou 420 contaminações. A situação delicada obrigou o Executivo local a intensificar os esforços no combate ao Aedes aegypti. Na próxima semana, um novo hospital de campanha será inaugurado. Desta vez em São Sebastião.

Em menos de dois dias, a família do servidor público aposentado Erotides Dias da Costa, 61 anos, confirmou o diagnóstico de dengue e recebeu a notícia da morte do morador da zona rural de Brazlândia. Na última quinta-feira, ele deu entrada no Hospital Anchieta, em Taguatinga. Durante o período em que esteve na unidade, sofreu duas paradas cardíacas. Na segunda delas, a equipe não conseguiu reanimá-lo. ;Enquanto esperava o leito ser preparado, ele desmaiou. Depois, aconteceu de novo, no banheiro;, contou Cidalina Cardoso, 28 anos, nora de Erotides, que, segundo a família, nunca havia contraído dengue.

A Secretaria de Saúde informou, em nota, que a Diretoria de Vigilância Epidemiológica ainda não recebeu a notificação do óbito. Segundo a pasta, o prazo máximo é de 24 horas. O Hospital Anchieta garantiu ter prestado toda a assistência necessária ao paciente, mas disse não ter como atestar, por enquanto, a causa da morte. ;O paciente apresentava quadro clínico sugestivo de dengue e pancitopenia (hemorragia), que evoluiu rapidamente com choque circulatório e óbito. Cumprimos rigorosamente suas obrigações de notificação compulsória;, diz o texto. ;Do documento do hospital, consta hemorragia não identificada, mas ele fez todo o tratamento para dengue. Durante todo o tempo, ficou à base de soro e de medicação para dor abdominal;, ressaltou Cidalina.

Combate

Brazlândia, São Sebastião, Planaltina e Ceilândia são os locais com maior número da doença, respondendo por 874 casos ; um percentual de 55% das contaminações. O Executivo identificou 77 casos suspeitos de zika. Há ainda uma nova confirmação da doença na capital federal. O local de contágio ainda está em investigação. Houve o registro de 78 casos suspeitos de febre chikungunya. Contudo, não foram confirmados. ;Fui diagnosticada com dengue no último sábado. É muito ruim. Senti muita dor no corpo e tive febre alta. O surto na região está feio. Estou morrendo de medo de mais alguém contrair dengue na minha casa;, desabafou a atendente Eliene Pereira, 46 anos.

O cenário mais crítico é em Brazlândia, onde a Secretaria de Saúde ampliou para cinco o número de tendas do hospital de campanha. Agora, são 15 leitos e seis médicos atendendo. Ontem, 158 pessoas passaram pelo local. Dessas, 60 tiveram o diagnóstico de dengue. Cinco estão internadas com a suspeita de estarem com a forma grave da doença. Na quinta-feira, 111 pacientes foram atendidos e 55 tiveram a confirmação da doença. ;Em dois dias, pudemos perceber que o número de pacientes que apresentaram os sintomas da doença é preocupante. Acreditamos que a demanda deve aumentar ainda mais. O que nos remete a pensar que estamos, sim, com um surto de dengue;, avaliou a secretária adjunta de Saúde, Eliene Ancelmo Berg.

Eliminar os criadouros do Aedes aegypti se tornou prioridade na cidade. Hoje, 18 mil militares realizam ação de combate ao mosquito na cidade ; o objetivo é orientar os moradores e entregar panfletos explicativos. Até o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, vai participar da ação. Ele estará na Administração Regional de Brazlândia. ;Abram suas portas para que os agentes de vigilância ambiental e todos os agentes de saúde façam o trabalho de identificar os focos do mosquito;, pediu o subsecretário de Saúde, Tiago Coelho. As ações de combate direto com larvicida e inseticida devem ocorrer entre os dias 15 e 18 deste mês.
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