Desde o verão de 1996, a história se repete no Distrito Federal. A epidemia de dengue reaparece com força à medida que o termômetro sobe e aparecem as chuvas. Além disso, a circulação do tipo 3 da doença neste ano deixou em alerta a Vigilância Epidemiológica. O sorotipo não é mais perigoso do que os outros três, mas abre precedente para a reincidência. Dessa forma, a população está sujeita a contrair o vírus. Segundo a Secretaria de Saúde, um paciente teve o diagnóstico de dengue tipo 3, em Taguatinga, em 2016. Entretanto, o número de contaminações pode ser maior, uma vez que nem todos fazem o teste para identificar a variação do micro-organismo.
O sistema imunológico do corpo humano se defende de apenas um tipo do vírus, ou seja, quem contraiu dengue do sorotipo 1 só pode ter novamente a doença se for causada pela 2, 3 ou 4. ;O importante do sorotipo é saber qual está predominante e qual está crescendo. É de se esperar que algum tipo aumente com o passar do tempo. Aqui já estávamos há alguns anos com o tipo 1;, explicou o chefe do Núcleo de Controle de Endemias da Secretaria de Saúde, Dalcy Albuquerque Filho.
Segundo a Secretaria de Saúde, não é possível identificar o sorotipo de todos os pacientes infectados com dengue. ;Tecnicamente, é impraticável, sairia muito caro. Precisamos ter uma amostragem consistente e espalhada para sabermos o que acontece. Assim, traçamos um perfil da cidade;, ressaltou Dalcy. Das 139 amostras de sangue analisadas pela Secretaria de Saúde até o último dia 11, houve 14 ocorrências do tipo 1; sete do 2; duas pelo 4; e uma do tipo 3.
Variações
Existem cinco sorotipos de dengue no mundo. Os mais comuns no Brasil são os de 1 a 4. Esse último é mais comum na Costa Rica, e a variação 5, na Ásia. De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas de todos são parecidos e podem confundir. Há dores no corpo, coceira, febre acima dos 39;C, manchas vermelhas e coceiras. Os primeiros tratamentos também são os mesmos: hidratação e repouso. A depender da evolução no organismo, os médicos podem adotar o uso de analgésicos e internação. ;Se as infecções forem sequenciais em uma mesma pessoa, ela tem chances de sofrer com as formas mais graves da doença, como a hemorrágica. O tipo 1 ainda é o mais incidente na cidade, mas a circulação do tipo 3 pode acarretar o aumento de casos;, explica o especialista em controle de doenças Pedro Luiz Tauil, da Universidade de Brasília (UnB).
O primeiro registro de dengue tipo 3 no Brasil ocorreu em abril de 2001, no Rio de Janeiro. Naquele ano, 675 pessoas tiveram a infecção. A calamidade parecia ter sido evitada, mas isso só até a chegada do verão de 2002, quando a Secretaria Estadual de Saúde registrou 86 mil casos dessa variação e 646 episódios da forma hemorrágica.
Combate
Cerca de 285.101 casas do DF, segundo o Ministério da Saúde, receberam a fiscalização dos agentes da Vigilância Epidemiológica no último fim de semana ; eles tiveram a ajuda de 18 mil homens das Forças Armadas. Isso corresponde a 30,64% do total de domicílios. A capital federal está no 17; lugar no ranking nacional de monitoramento. Durante a semana, o Executivo local concentrará os esforços em Brazlândia, no Gama, nos lagos Sul e Norte, no Plano Piloto e em São Sebastião, onde 700 servidores do órgão identificarão focos do Aedes aegypti. Dez equipes com bombas costais borrifarão veneno.
Hoje, um mutirão fará a limpeza no Núcleo Rural Capão Comprido, em São Sebastião. Durante a atividade, técnicos da Emater orientarão os moradores sobre as formas corretas de armazenamento de água e cuidados a fim de acabar com possíveis criadouros do inseto.
Segundo a Secretaria de Saúde, até o fim do mês, o combate ao Aedes receberá o reforço de 30 carros fumacê. Atualmente, a cidade dispõe de 11 deles. Houve, ainda, a compra de 30 bombas costais para dispersão de inseticida e 12 mil armadilhas. O investimento chega a R$ 9 milhões.
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