Luiz Calcagno, Isa Stacciarini
postado em 22/02/2016 06:00
Este mês, a Papuda registrou duas fugas de presos. É um sintoma de um corpo doente. Uma análise minuciosa do sistema penitenciário do DF revelou que as cadeias da capital abrigam internos perigosos, como o italiano Pasquale Scotti, em um complexo deficiente e superlotado, com deficit de servidores e falta de equipamentos. Segundo o levantamento, o cenário de problemas se aproxima do colapso. Depois de 14 anos e 4 meses desde a última rebelião no sistema ; registrada em 18 de outubro de 2001 ;, gestores do GDF não descartam uma nova revolta. É o que esmiúça um relatório de 295 páginas, elaborado pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) ao qual o Correio teve acesso na íntegra.
[SAIBAMAIS]O documento cita, por exemplo, o temor de uma tentativa de resgate de um interno ligado a uma organização criminosa, com risco de morte, o que foi negado pelo subsecretário do Sistema Penitenciário do DF, João Carlos Lóssio. A análise chegou à reportagem na mesma semana em que um surto de caxumba atingiu mais cinco detentos do Centro de Progressão Penitenciária ; antes, 74 pessoas, entre elas uma servidora, tinham sido infectadas pela doença; e um homem morreu na ala psiquiátrica masculina da Penitenciária Feminina do DF.
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Ao mesmo tempo, houve a fuga de 10 presos, ontem, e de cinco que escaparam do Centro de Detenção Provisória do DF (CDP), em 2 de fevereiro. Segundo o presidente do Sindicato dos Agentes de Atividades Penitenciárias (Sindpen), Leandro Allan, a quantidade de servidores não é suficiente para garantir a segurança. ;Não é exagero falar em rebelião, porque a qualquer momento pode acontecer. Fica todo mundo vulnerável;, alertou Leandro. Segundo o estudo, o Executivo local pretende construir quatro CDPs, com capacidade para 800 vagas, cada.
O sistema conta com 14.517 internos para 7.411 vagas, ou seja, está 95,8% acima do limite. Em contrapartida, são 1.280 agentes penitenciários, quando o ideal seriam 2,5 mil, segundo o Sindicato dos Agentes de Atividades Penitenciárias (Sindpen), e 2,9 mil, para Lóssio.
A fragilidade na segurança dos presídios afeta, principalmente, a Penitenciária 1 do DF (PDF 1), uma das unidades de regime fechado do Complexo Penitenciário da Papuda. No relatório, o diretor da PDF 1, Mauro Cesar Lima, detalhou que, dentro da cadeia, existem células ativas ligadas a uma facção organizada e, em razão da falta de estrutura física, alguns presos ficam misturados. Ele reconheceu que a segurança externa do presídio tem falhas e alertou sobre a existência de ;pontos cegos; entre as guaritas, falta de iluminação e ausência de monitoramento, assim como de vigilância externa.
Denuncie
Qualquer informações sobre os foragidos podem ser passados para os seguintes telefones:
3349-1345 (Diretoria Penitenciária de Operações Especiais)
197 (Polícia Civil)
8626-1197 (WhatsApp do PCDF)
190 (Polícia Militar)
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