Renato Alves
postado em 23/02/2016 10:34
Localizada em Mambaí (GO), a Gruta da Tarimba está prestes a ganhar o título de Monumento Natural. A medida está prevista em um projeto que também pede a criação de uma unidade de conservação na área do município de 7 mil habitantes, distante a 300km de Brasília e 500km de Goiânia. A iniciativa visa proteger a biodiversidade local e, principalmente, o Ituglanis boticário, uma nova espécie de peixe encontrada apenas na caverna goiana.
A proposta partiu da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Ela financiou o projeto que possibilitou a descoberta do peixe. Segundo o órgão, apesar das belezas naturais que esconde, a gruta está ameaçada pela prática da agropecuária, principalmente para culturas de algodão, soja e criação de gado.
Segundo a entidade, os pesticidas usados nas lavouras, assim como o assoreamento do solo para manejo das pastagens, prejudicam o ambiente subterrâneo e, consequentemente, todas as espécies que vivem na gruta. Outro problema, de acordo com a fundação, é o depósito irregular de lixo feito pela população e visitantes.
A proposta partiu da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Ela financiou o projeto que possibilitou a descoberta do peixe. Segundo o órgão, apesar das belezas naturais que esconde, a gruta está ameaçada pela prática da agropecuária, principalmente para culturas de algodão, soja e criação de gado.
Segundo a entidade, os pesticidas usados nas lavouras, assim como o assoreamento do solo para manejo das pastagens, prejudicam o ambiente subterrâneo e, consequentemente, todas as espécies que vivem na gruta. Outro problema, de acordo com a fundação, é o depósito irregular de lixo feito pela população e visitantes.
A Gruta da Tarimba fica em uma Área de Proteção Ambiental (APA), mas ainda assim existem danos e ameaça às espécies. Sendo assim, com a criação de uma unidade de conservação, esses problemas seriam resolvidos.
O processo que pede o novo título à gruta e a criação da unidade de conservação foi protocoladona Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos de Goiás (Secima), em novembro do ano passado, e ainda passa por análise. Não há prazo para conclusão do processo, mas a gerência trabalha com a previsão de que até 2017 o trabalho seja feito.
Raridade
Os primeiros exemplares do Ituglanis boticário foram descobertos na Gruta da Tarimba em 2004, porém, os estudos só foram concentrados em 2012 e 2013. Em dezembro de 2014, o peixe foi oficialmente descrito em um artigo na revista da Sociedade Brasileira de Zoologia. Ele é troglóbio, ou seja, vive exclusivamente em ambientes subterrâneos e só é encontrado naquele local.
O Ituglanis boticário tem cerca de 10 centímetros de comprimento, bigodes alongados, olhos pequenos e pouca pigmentação. Seu corpo geralmente apresenta cores mais claras. Uma característica bem própria da espécie é a presença de odontoides, que são pequenos dentes bem desenvolvidos localizados próximos às brânquias, usados para a fixação do animal, evitando que seja levado em correntezas.
Assim como as demais espécies que vivem em cavernas, os animais estão sempre em atividade, explorando o ambiente. Além disso, a visão dos peixes desse gênero é menos desenvolvida, porém, eles têm compensação sensorial, o que os faz perceber melhor os cheiros, e também possuem canais sensoriais na pele, que permitem estar alertas para qualquer distúrbio na água.