Cidades

Municípios goianos registram crescimento de 90,8% em casos de dengue

Luziânia, Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso e Cidade Ocidental concentram as confirmações

Otávio Augusto
postado em 26/02/2016 06:00

Agentes da Vigilância Ambiental de Goiás vistoriam casas em Luziânia, distante 59km de Brasília: Entorno tem alto índice de domicílios que não passaram pela inspeção

;Este grave quadro impõe a necessidade de fortalecimento da assistência à saúde e do combate sistemático e contínuo ao mosquito transmissor.; O mea-culpa partiu da Secretaria de Saúde de Goiás, estado onde há 32.642 casos de dengue. Nos últimos sete dias, os registros aumentaram 90,8% em 10 municípios do Entorno. Saltaram de 2.592 na semana passada para 4.974. Os dados estão no mais recente Boletim Epidemiológico divulgado pelo governo goiano. As autoridades sanitárias investigam 17 mortes na região. Além disso, o estado vizinho ao DF está na 10; colocação no ranking das unidades da Federação que menos inspecionaram casas.

Luziânia (1.594), Santo Antônio do Descoberto (597), Valparaíso (591) e Cidade Ocidental (575) são as localidades com mais contaminações ; estão em emergência para a alta incidência do Aedes aegypti (leia Alerta). O problema atinge outros 51 municípios goianos, onde há risco extremo de contaminação. ;A situação agravou-se ainda mais nos últimos meses com a associação da zika aos casos de microcefalia e de síndrome de Guillain-Barré (que afeta o sistema nervoso central);, completa o texto da Secretaria de Saúde de Goiás.

Na Cidade Ocidental, a 46km do Plano Piloto, o município de 55.915 habitantes apresentou a maior variação no aumento de casos: 525%. Há uma semana, eram 92. Atualmente, há 575 infectados com dengue. Hoje, acaba a Operação Jardim ABC. Militares e servidores de diversos órgãos percorreram durante os últimos três dias ruas e casas do bairro para debelarem focos do mosquito transmissor da dengue, chicungunha e zika vírus. O balanço da ação ainda não foi divulgado pela prefeitura.

Em Goiás, circulam três sorotipos de dengue. A variante 1 representa 72,2% dos registros; a 2, 5,5%; e a 4, 22,2%. Até o momento, não há registros do sorotipo 3. O sistema imunológico do corpo humano se defende de apenas uma variação do vírus, ou seja, quem contraiu dengue 1 só pode ter novamente a doença se for causada pela 2, 3 ou 4.

O cenário, no entanto, pode se agravar, segundo o especialista em doenças infectocontagiosas Eduardo Espíndola. ;As pessoas estão expostas ao ;novo; vírus (tipo 3). Ele não é mais perigoso, mas abre precedente para a reincidência, ou seja, novas infecções em pessoas que já tiveram dengue. Isso puxa os índices para cima. Neste momento, não há alternativa: temos de combater o mosquito;, explica.

Controle


O combate no estado vizinho apresenta falhas. Cerca de 59,37% dos domicílios não receberam visitas de autoridades sanitárias, segundo o Ministério da Saúde. O índice está abaixo da recomendação, de vistoriar 100% das casas até o fim do mês. A três dias do término do prazo, 1.391.174 imóveis de 2.343.397 ainda não passaram pela inspeção. Além disso, agentes ambientais não vistoriaram 298.449 domicílios por estarem fechados ou pelos moradores recusarem a ação ; isso representa 12,7% do total. O índice máximo permitido pelo Ministério da Saúde é de 10%. ;Goiás está em situação de emergência e em força-tarefa para eliminar criadouros do mosquito, e, assim, evitar o adoecimento coletivo;, reforça nota da Secretaria de Saúde de Goiás.

O especialista em controle de doenças Pedro Luiz Tauil, da Universidade de Brasília (UnB), ressalta que o controle da praga ainda é a melhor alternativa. ;Se não tiver inovação, não vai ter governo que controle a dengue. Só a inspeção não garante a melhoria da infestação, até porque isso tem de se repetir periodicamente. As pessoas precisam ter consciência de que, dentro do seu quintal, você é o responsável;, argumenta.

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