Cidades

Por falta de médico, pai faz parto da filha em hospital público

Mãe diz que, apesar de pedir ajuda, nenhum médico apareceu. Hospital de Sobradinho afirma que não houve negligência

Amanda Carvalho - Especial para o Correio
postado em 26/02/2016 06:10
Marisol -  com Yasmim no colo, entre o marido Wander e o filho Victor Hugo -  não vai acionar a Justiça contra o hospital
Cachorros, crianças jogando futebol, vendedores de sabão líquido e até cavalos pastando calmamente fazem parte do cenário dos arredores da casa de Marisol Vieira Pimentel, 27 anos, que teve a pequena Yasmim pelas mãos do marido, Wander Alves de Oliveira, 33, no hospital público de Sobradinho. As circunstâncias do parto de Yasmim, contudo, não poderiam ser menos bucólicas.

Ao entrar em trabalho de parto na madrugada do dia 18, os pais se dirigiram à ala pré-parto do hospital onde, segundo Marisol, foi bem recebida pela médica plantonista. Após a troca de turnos, no entanto, ela conta que não recebeu ajuda para se limpar, cabendo a tarefa ao marido.

Wander chegou a voltar para casa para se certificar que o outro filho do casal, o pequeno Victor Hugo, 8 anos, estava bem. Nesse meio tempo, Marisol conta que passou mais de uma hora sozinha atrás das cortinas do leito, pedindo ajuda, sem sequer receber ajuda para ir ao banheiro ; por mais que pedisse por isso.

Marisol já sentia a criança começando a sair, mas a enfermeira que a acompanhava teria dito que ela estava com um ;tampão mucoso; e que não se preocupasse, pois o parto demoraria. Quando a enfermeira saiu, Wander teve que convencer a mulher a deixá-lo acompanhar a situação. Ele afirma ter visto a cabeça da bebê saindo e conseguiu segurá-lo a tempo. Por pouco, a neném não escorregou da maca. ;O pai salvou a vida dela;, disse Marisol.

Após receber alta, elasentiu que havia algo errado. O marido resolveu pedir ajuda a outra médica, que a examinou e percebeu que alguns pontos haviam se rompido. Assim, ela acabou retornando à internação.

Sem ajuda psicológica
Segundo Wander, não ofereceram nenhum tipo de acompanhamento psicológico após o parto ou depois que saíram do hospital. ;Eu tive que dizer que não aguentava mais cuidar dela sozinho para que tivéssemos alta. Passamos seis dias lá e nem o carimbo da médica responsável pelo parto ela tem;, afirmou.

A criança passa bem e está em casa. Em nota, o hospital informou que, desde a sua internação, Marisol esteve acompanhada do marido e de um profissional de enfermagem. Ao perceber que a criança estava para nascer, a servidora que fazia o monitoramento ausentou-se da sala para chamar a médica plantonista e, na volta, a bebê já tinha nascido.

Marisol contesta a informação. Ela diz não ter intenção de acionar a Justiça, mas espera que ;isso não aconteça nunca mais com nenhuma mãezinha;. ;O hospital é novo, tem equipamentos novos. Eu queria falar o contrário. Ouvimos falar tão bem de lá;, acrescentou.

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