Nathália Cardim
postado em 26/02/2016 06:15
;Quem não gosta de samba, bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé;. Assim dizia Dorival Caymmi, autor da canção Samba da minha terra. É nesse ritmo que o diretor, ator e dançarino Ricardo Lira, 39 anos, idealizou, em 2010, o Samba Móvel ; projeto itinerante criado com o objetivo de disseminar o teatro e o samba, levando apresentações gratuitas às regiões administrativas do DF.
Como na maior parte dos projetos sociais, a história pessoal do diretor se mistura com a da iniciativa. Carioca e apaixonado por samba, Ricardo, que atua como professor de dança de salão há mais de 20 anos, tinha o sonho de levar para espaços públicos o ritmo musical como manifestação artística e cultural. ;Quando era garoto, ouvia uma música que dizia que todo artista tem de ir aonde o povo está. Quando pensei no projeto, logo me veio a frase na cabeça e colocamos em prática a teoria;, afirma.
Assim que surgiu, o projeto tinha como veículo de apoio uma Caravan 1978. Na época, o grupo promovia semanalmente, aulas e rodas de samba em locais de grande movimentação popular, com artistas performáticos e profissionais de dança. Agora, vai ser a bordo de uma antiga ambulância Veraneio 1987, que foi personalizada para levar a cultura do samba à comunidade. O abre-alas para a edição 2016 conta com a participação de músicos, dançarinos e atores que, além de oferecer a dança, darão vida ao triângulo amoroso envolvendo Pierrô, Colombina e Arlequim ; oriundos do gênero popular teatral commedia dell;arte, nascido na Itália no século 15.
;Vamos contar a história de uma maneira moderna e atual, por meio do samba da gafieira. A finalidade é seguir os padrões da época, mas também criar um espetáculo contemporâneo;, explica o diretor-geral do projeto, Ricardo Lira, que viverá o Arlequim na peça. ;É importante a gente manter viva a chama da cultura e da arte para as pessoas. Esse é um trabalho de formiguinha. Aos poucos o nosso desejo vai sendo alcançado;, complementou.
A história, cheia de idas e vindas, retratará o dilema amoroso vivido pelos três personagens centrais da trama, dividido em três atos. A sirene do automóvel marcará as mudanças de ato. Artistas de cada região por onde o Samba Móvel passar terão a oportunidade de participar da peça em um determinado momento. No fim, um dos pontos altos do espetáculo será o casamento de Colombina com Pierrô, marcado pela presença de Arlequim. Um baile de máscaras encerrará a apresentação, quando os espectadores serão chamados a participar. ;As pessoas têm que ter acesso ao samba de gafieira, ao baile do mestre-sala e da porta-bandeira, e também à história do passista. Só assim manteremos viva a cultura do samba;, acrescenta.
Marchinhas
Também idealizadora do projeto, a dançarina e atriz Adriana Marla, 44 anos, explica que, ao todo, mais de 20 pessoas participam das intervenções do espetáculo, entre coreógrafos, artistas, produtores, diretores e músicos. ;Para ficar ainda mais atrativo, além da apresentação teatral, uma banda ao vivo acompanha o grupo tocando marchinhas de carnaval;, diz. Para Marla, a experiência é desafiadora: ;Não fazemos ideia de como seremos recebidos e de como o público pode reagir. Vai encantar o público, que pode brincar com o mundo do faz de conta. A alegria vai contagiar os espectadores;.
O espetáculo conta com o apoio da Secretaria de Cultura e patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). As apresentações ocorrem entre 13 de março e 3 de abril. ;Fazer arte na rua significa que a cultura tem que ser um instrumento mais utilizado para trazer a comunidade para perto de coisas boas. As pessoas agradecem por serem contempladas com projetos nesse sentido. A dança é um elemento transformador. Além disso, o cenário do espetáculo muda em cada região. A identidade da cidade se mistura com a nossa;, completa Marla.
Serviço
O que: Samba Móvel apresenta: a história do triângulo amoroso entre Pierrô, Colombina e Arlequim
Quando: de 13 de março a 3 de abril
Onde: regiões administrativas do DF
Preço: entrada franca
Classificação: livre
Programação*
13 de março, às 15h
Taguatinga, no estacionamento
do Taguaparque
18 de março, às 18h
Ceilândia, em frente à feira central
19 de março, às 18h
Samambaia, no estacionamento ao lado da Castelo Forte
20 de março, às 18h
Taguatinga, no estacionamento do Taguaparque
1; de abril, às 19h
Paranoá, na praça da Igreja;
2 de abril, às 11h
Guará, no estacionamento
da Feira do Guará
3 de abril, às 18h
Brasília, no Museu Nacional.
*Datas sujeitas a alterações
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