Flávia Maia
postado em 28/02/2016 08:05
A Universidade de Brasília (UnB) começará o ano letivo em 7 de março, mais uma vez, em deficit. Desta vez, são R$ 18,6 milhões a menos do que a instituição gasta para manter a estrutura. Desde o ano passado, a UnB acumula duas pressões orçamentárias: além do vermelho que a acompanha há anos, recebe menos verba do Ministério da Educação (MEC) por causa dos cortes da União. Embora o atual reitor, Ivan Camargo, mantenha postura de arrocho na gestão ; e receba duras críticas por isso ;, a conta ainda não fecha. A verba de R$ 1,7 bilhão por ano que o MEC repassa não é suficiente para manter setores estratégicos.
Os cortes nos contratos terceirizados têm sido uma das saídas da administração. Ao Correio, o reitor disse que, para garantir o funcionamento da universidade, tem ido ao MEC de ;pires na mão;. ;Em 2014, eu comecei a pedir dinheiro em outubro. Em 2015, em janeiro. Neste ano, precisava pagar uma conta e não contava com o orçamento, embora tivesse financeiro. Consegui nos 45 minutos do segundo tempo;, afirmou. ;A vida do gestor público não está fácil;, complementou.
Uma das soluções que a reitoria estuda para conseguir investir na UnB é a venda de parte do milionário patrimônio ; são 1,5 mil imóveis avaliados em R$ 6 bilhões. A projeção da 207 Norte, única quadra vazia no Plano Piloto, e as coberturas podem ser os primeiros. A ideia é aplicar em áreas essenciais bastante prejudicadas, como na construção e modernização dos laboratórios. Como a decisão da venda não cabe apenas ao reitor, Ivan afirma que fará um plano detalhado ao Conselho Universitário da UnB (Consuni).
Além disso, 2016 reserva eleições para reitor, para a Associação dos Docentes (ADUnB) e para o Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub). Ivan tentará a reeleição. ;A gente precisa ficar mais um tempo. Quatro anos é pouco;, resume.
2015 foi um ano de arrocho, com cortes do MEC para as universidades federais. O que esperar para 2016?
Tudo leva a crer que será um ano difícil. Já começou com dificuldades. Eu tinha a ilusão, no fim do ano passado, de que 2016 seria um ano mais tranquilo. A lei (Orçamentária) está aprovada, definida; Mas começamos o ano com restrições financeiras.
O senhor diz isso da UnB ou do governo federal?
100% do dinheiro da universidade vem do governo federal. A dependência é total, mas temos tido uma relação com o governo e com o MEC de muita parceria, conseguimos sobreviver 2015 e vamos conseguir sobreviver 2016.
Os contratos terceirizados são que mais se pode cortar?
O nosso orçamento tem uma parte gigantesca ; a maior de todas ;, que é de salário e pensão. Isso ninguém fala. Tem uma parte bem menor, que de é custeio e investimento. Nessa pequena parte que a gente pode trabalhar. Dessa parte, 70% é terceirizada. A tentativa que fizemos nesses últimos três anos é a de racionalizar o uso das empresas terceirizadas. Uma transição difícil. Estamos, por exemplo, hoje, sem motorista.
A universidade sofre duas pressões, de um histórico de desequilíbrio financeiro e da redução orçamentária que está acontecendo agora;
Exatamente. Em 2012, a gente gastava R$ 150 milhões/ano com custeio, três vezes o que estava previsto. Um desequilíbrio orçamentário enorme. Passamos esses últimos três anos em uma postura de controle orçamentário muito sério.
Já conseguiram enxugar R$ 100 milhões?
Claro que não. Estamos equilibrando ainda. Os contratos têm duração. Você pode ajeitar detalhes. Mas eu acredito que nos próximos dois anos essa conta deva se equilibrar.
A verba do Reuni (Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) era até 2012. Esse pode ser um dos motivos o descompasso orçamentário da UnB?
O grande custo do Reuni foi a entrada de novos alunos. E isso é permanente. Expande-se o quadro e dobra-se o número de alunos, isso é superpositivo. Tivemos uma verba para obras, usamos. Mas estamos com um grande problema de infraestrutura. Estamos gastando muito com custeio. Estamos reproduzindo na UnB a mesma realidade do GDF, do governo federal. Agora, é dramática essa realidade. Porque você tira o investimento do futuro para apagar incêndio do presente. Custeio é presente. Investimento é futuro. Temos que equilibrar as contas para que sobre investimentos para a universidade voltar a crescer.
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