Cidades

Dengue tipo 3 volta a circular e ameaça cidades de Goiás, diz balanço

No Distrito Federal, a média de notificações diárias da doença chega a 69 casos

Otávio Augusto
postado em 03/03/2016 06:00
Patrícia ficou sem diagnóstico no Hospital Dom Luís Fernandes:
O estado de Goiás contabiliza 32.647 notificados de dengue e 17 mortes que podem ter relação com a infecção transmitida pelo Aedes aegypti. Esse cenário tem chance de se tornar ainda mais caótico nos próximos meses. A Secretaria Estadual de Saúde confirmou que o sorotipo 3 voltou a circular na unidade da Federação. O registro de dois casos em Santo Antônio do Descoberto, distante 40km de Brasília, acendeu o sinal vermelho, pois mais pessoas podem ficar doentes. Ontem, o único hospital do município que centraliza a crise não tinha teste para realizar o diagnóstico.

O Boletim Epidemiológico mais recente de Goiás mostra que a variante 1 representa 72,2% dos casos; a 2, 5,5%; e a 4, 22,2%. Até o momento, não havia registros do tipo 3. ;Vamos intensificar com os municípios o monitoramento da situação. Temos uma situação de risco e, se predominar o vírus 3, a situação poderá se complicar ainda mais;, admite a superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás, Maria Cecília Martins Brito. O sistema imunológico do corpo humano se defende de apenas um tipo do vírus, ou seja, quem contraiu dengue do sorotipo 1 só pode ter novamente a doença se for causada pelo 2, 3 ou 4.

O estado vizinho ao DF terminou fevereiro em 15; lugar no ranking do Ministério da Saúde das localidades que menos realizaram vistorias em domicílios. Goiás não conseguiu atingir a meta de inspecionar 100% das casas. O secretário estadual de Saúde, Leonardo Vilela, é taxativo: para cessar a epidemia, é preciso debelar os focos do Aedes aegypti. ;É importante eliminarmos os criadouros em todos os lugares. Nós conseguimos baixar pela metade o número de criadouros e queremos avançar ainda mais;, pontua.

O especialista em doenças infectocontagiosas Eduardo Espíndola acredita que Goiás enfrentará situação de calamidade pública. ;É uma situação preocupante, sobretudo por se falar em Goiás, estado com histórico de descontrole de dengue. As pessoas estão expostas à sorologia 3 e não vemos grandes esforços para conter o avanço do Aedes;, critica. Essa variante da dengue começou a circular em Goiás em 2001 e representou a maioria dos casos identificados em 2007 e 2008. Em 2011, o governo registrou apenas uma infecção da doença.

Ontem, o Hospital Municipal Dom Luís Fernandes, em Santo Antônio do Descoberto, não realizou exames para dengue. Segundo os pacientes, isso ocorre desde sexta-feira. A interrupção estaria ligada à falta de material, versão confirmada na recepção. ;É muito ruim. O médico fez o diagnóstico sem nenhum exame. Ele me disse que não é o mais recomendado numa situação epidêmica como essa;, reclamou a auxiliar de serviços gerais Patrícia de Freitas, 40.

A doméstica Marlane Dias de Souza, 26, tenta realizar exame laboratorial para confirmar a infecção da filha Maria Gabriele, 4, desde a semana passada. A menina passou na quinta-feira por uma análise clínica, mas o médico ficou em dúvida entre chicungunha e dengue. ;Hoje, faltei o serviço para tentar resolver isso, mas aqui está mais cheio do que da última vez;, lamentou. Ontem, a filha mais velha de Marlane, Mariane Cristina, 7, apresentou sintomas de dengue. Entretanto, ela não recebeu atendimento. ;É triste, mas não tenho muito o que fazer.; A Secretaria de Saúde de Santo Antônio do Descoberto não comentou o assunto.

Dengue sobe 340%
A capital federal notificou 69 infecções de dengue, por dia, até 1; de março. Em comparação com o mesmo período de 2015, a alta chega a 340%. Brazlândia (871), Ceilândia (483), São Sebastião (449), Taguatinga (373), Samambaia (271) e Planaltina (265) são as cidades que apresentam o maior número de contaminações, respondendo por 2.712 ; 65% das ocorrências. Houve, ainda, o registro de 539 situações do Entorno. A alta na região é de 638%, em relação ao mesmo período do ano passado. Dezesseis pessoas tiveram a forma hemorrágica da doença. Destas, 10 morreram.

O Boletim Epidemiológico divulgado ontem mostra que 15 pessoas estão com chicungunha. Segundo a Secretaria de Saúde, apenas três infecções ocorreram no DF. As demais aconteceram em Pernambuco, Bahia, Sergipe, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. Outras 10 pessoas estão com zika vírus, sendo quatro contaminações na capital federal e as demais, na Bahia, em Mato Grosso e no Tocantins.
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