Cidades

Morte de praticante de crossfit expõe limites da busca pelo corpo perfeito

Todo cuidado é pouco na hora de pegar pesado na malhação. Especialistas alertam para a necessidade de orientação profissional e para o perigo do uso de substâncias sem prescrição

postado em 06/03/2016 08:01
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Basta ligar a televisão, acessar as redes sociais ou os sites de notícias para receber uma chuva de informações fitness. A ditadura do corpo perfeito tem mudado mais do que a estética de quem recebe essas mensagens. Afeta o psicológico e, em muitos casos, a saúde. Especialistas no assunto, porém, são categóricos: o auxílio de profissionais da área nunca pode ser dispensado, e a cautela é a grande aliada dos resultados. Se por um lado, o uso de anabolizantes e de outras substâncias é perigo certo; por outro, a intensidade dos exercícios também deve ser levada em conta. A morte de um praticante de crossfit no início da semana acendeu o sinal de alerta.

O advogado Paulo Maurício Ferreira Souza, 37 anos, é um exemplo de vítima do sistema. Sempre praticou atividade física, mas o sonho de alcançar a tão sonhada imagem ideal fez com que ele apelasse para todo tipo de ;ajuda;. ;Eu malhava pesado, e tudo que indicavam como bom para ficar forte, bem malhado, eu tomava. Cheguei a tomar todo tipo de suplementação e a experimentar, inclusive, anabolizantes.; Nesse ritmo, chegou uma hora que o corpo reclamou. Há cerca de seis meses, Maurício estava na academia, correndo na esteira, quando sentiu fortes dores no peito e tremedeira. Ao chegar a uma unidade de saúde, precisou ser submetido a uma cirurgia. ;Quase não consegui chegar ao hospital. Quando o médico me examinou, ele falou: você está morrendo, tendo um infarto. Ele me levou direto para a mesa de cirurgia. Fizeram cateterismo e angioplastia. O médico disse que, se tivesse demorado mais cinco minutos, ele não poderia ter feito mais nada por mim.;



O laudo mostrou que o advogado teve as veias do coração entupidas por ;substâncias químicas; ; produtos ingeridos, principalmente, sem orientação especializada. A rotina precisou ser modificada de lá pra cá. Sal e gordura foram cortados da alimentação e as atividades físicas ficaram menos intensas. ;Era tudo, simplesmente, em nome da vaidade. Sem me preocupar com as consequências.;

Quase na mesma época em que Maurício infartou, uma jovem saltou do 11; andar do prédio da avó, em Uberaba, a cerca de 500 quilômetros de Brasília. Segundo a família de Carolina, que tinha 23 anos, a sibutramina ; remédio ingerido para emagrecer ; causou depressão e alucinações na menina. Aqui no DF, uma blogueira conhecida por fazer propaganda de marcas locais reacendeu a discussão quando admitiu o uso de inibidores de apetite ; ou anorexígenos ; para perder peso. No ano passado, durante cinco meses, ela incorporou o uso de alguns medicamentos, além de outros cuidados, ao processo de emagrecimento. Em um post feito na página pessoal, a blogueira citou o nome do remédio e atiçou a curiosidade dos admiradores. Com mais 119 mil seguidores, a mensagem foi interpretada por alguns como uma sugestão de uso. No caso dela, tudo foi receitado e acompanhado por uma médica. Mas nem sempre é assim.

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