Otávio Augusto
postado em 06/03/2016 08:05
Aos 5 anos de idade, Vitória está aprendendo os movimentos que seriam naturais para os primeiros meses de vida de uma criança. A menina possui uma síndrome que prejudica o sistema neuropsicomotor e que os médicos ainda não conseguiram identificar. Como ela, toda uma geração vai precisar de tratamento para auxiliar no desenvolvimento de atividades comuns, como andar, sentar, segurar um brinquedo ou simplesmente respirar. A estimulação precoce é fundamental para o progresso dos pacientes com diagnóstico de microcefalia ; que teve aumento de casos no país devido à epidemia do zika vírus, desencadeada em outubro do ano passado ;, mas também de paralisia cerebral, síndromes genéticas, hidrocefalia, entre outros males.
A literatura médica é unânime: não é possível estabelecer o nível dos danos ao cérebro quando uma criança possui algumas dessas doenças. Por isso, o tratamento deve ser precoce para atenuar os deficits. Quando um bebê nasce com microcefalia, ele não tem apenas um crânio menor. Pelo resto da vida, deverá ser acompanhado e ter o aprendizado monitorado e estimulado com fisioterapeutas, fonoaudiólogos e outros profissionais da área.
Hoje, após um ano de tratamento, Vitória equilibra a cabeça, permanece sentada e segura com firmeza objetos. A expectativa do pai é que, nos próximos meses, a menina comece a caminhar e a falar. O uso de órteses nos joelhos e nos pés ajuda na tarefa. ;Os avanços acontecem aos poucos. É difícil, mas o amor alimenta a força para a gente continuar essa peleja;, ressalta o pedreiro Adão Lopes de Souza, 27, pai de Vitória. Há quatro anos, ele e a família deixaram o interior da Bahia em busca de cuidados para a filha. Atualmente, ela é acompanhada por médicos do Hospital da Criança e da Rede Sarah Kubitschek.
Assistência pública
A fisioterapeuta Fernanda da Silva Flor é especialista em neuropediatria e atende, atualmente, 21 crianças com os mais variados diagnósticos no Hospital Regional do Gama (HRG). Às quintas e sextas-feiras, a profissional recebe cinco pacientes por turno. São inúmeras séries de exercícios ; e paciência para recuperar as perdas de cada paciente. Diariamente, ela lida com os desafios, os questionamentos, as frustrações e as conquistas das famílias. ;Muitas vezes, o mais difícil é trabalhar a aceitação de pais e mães. Certa resistência, por vezes motivada pela vergonha, é um entrave. Já teve casos de os parentes esconderem o diagnóstico da criança;, conta a profissional, que atende pacientes com esse quadro há três anos.
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