Cidades

Justiça do DF decreta prisão de policiais acusados de matar Antônio Pereira

A vítima desapareceu em 27 de maio de 2013, depois de ser abordada por PMs dentro da chácara de um sargento, no Córrego do Atoleiro, no Arapoanga

Nathália Cardim, Amanda Carvalho - Especial para o Correio
postado em 07/03/2016 08:22
O auxiliar de serviços gerais foi visto pela última vez pela mãe, a aposentada Felícia Pereira Araújo, 70 anos
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal pediu na última quarta-feira (2/3) a prisão preventiva de dois policiais militares acusados de torturar até a morte Antônio Pereira de Araújo. O crime aconteceu em maio de 2013, e Antônio ficou conhecido como Amarildo do DF, devido o caso ser parecido com o ocorrido no Rio. Segundo desembargadores, Silvano Dias de Sousa e Carlos Roberto José Pereira a prisão foi necessária pois os militares estavam exercendo influência dentro da PM para sonegar informações e chegaram a forjar documentos e ameaçar testemunhas.
[SAIBAMAIS]
Na época do crime seis policiais participaram da abordagem que terminou na morte do auxiliar de serviços gerais, mas após investigações somente os dois sargentos do 14; Batalhão de Planaltina foram acusados da morte. Segundo informações preliminares os policiais estão foragidos. Equipes da Polícia Civil fazem buscas em Planaltina para os encontrar.

Entenda o caso

A vítima desapareceu em 27 de maio de 2013, depois de ser abordada por PMs dentro da chácara de um sargento, no Córrego do Atoleiro, no Arapoanga. Ele foi tratado como suspeito de invadir o imóvel, e, por isso, encaminhado à delegacia. Depois disso, nunca mais foi visto. Os restos mortais de Araújo foram encontrados quase seis meses depois do sumiço dele, em 21 de novembro, em uma área de cerrado no Setor Residencial Leste.

Segundo informações da Polícia Militar, Antônio teria sido conduzido à 31; Delegacia de Polícia (Planaltina) e liberado em seguida, por não ter antecedentes criminais. Contudo, não há nenhum documento que comprove a passagem dele pela unidade policial. Segundo levantamentos feitos pelo Correio na época, existiam contradições entre as histórias contadas pela PMDF e pela PCDF.

O auxiliar de serviços gerais foi visto pela última vez pela mãe, a aposentada Felícia Pereira Araújo, 70 anos. Ele deixou a casa dela por volta das 14h de 26 de maio para se encontrar com o irmão em uma casa a 800 metros de onde ele estava. Ele pretendia assistir ao jogo entre o Santos e o Flamengo, mas não apareceu.

As próximas notícias sobre o paradeiro dele viriam apenas no dia seguinte. Mas, as circunstâncias em que ele foi encontrado dividiram opiniões. Antônio de Araújo foi flagrado por volta das 4h40 nas terras do sargento Valdemiço Salustriano de Souza, sem camisa e de bermuda. Ele apresentava um arranhão nas costas e sinais de embriaguez, segundo os depoimentos dos PMs.

Percebendo a gravidade do caso, a Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal solicitou que fosse dada atenção especial e tratamento de urgência. Na época, a então presidente da comissão, a senadora Ana Rita (PT-ES), organizou uma reunião com o então secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, e encaminhou ofícios para as polícias Civil e Militar, cobrando uma solução. Esse episódio aconteceu 165 dias depois do desaparecimento de Antônio de Araújo.

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