Nathália Cardim
postado em 13/03/2016 07:02
Os assassinatos de Louise Maria da Silva Ribeiro, 20 anos, na noite de quinta-feira, na Universidade de Brasília (UnB), e de Jane Fernandes Cunha, 21, ontem em Samambaia, trouxeram de volta a necessidade de se refletir sobre a violência contra a mulher. O fato de o crime ter sido cometido no espaço acadêmico também suscita a discussão sobre a segurança do câmpus e evidencia a urgência em se discutir o desrespeito ao gênero.Professora do Departamento de Sociologia da UnB e integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre as Mulheres (Nepem), Lourdes Bandeira, acredita que a violência contra a mulher é um problema estruturado na sociedade. ;Um dado importantíssimo que precisa ser revelado é o de que, a cada três casos de jovens agredidas ou mortas, um acontece pelo namorado. Isso representa que vivemos em uma sociedade masculinista com resquícios patriarcais. O homem se sente dono, proprietário daquela pessoa e assume a responsabilidade de que, se ela não for dele, não será de mais ninguém;, diz.
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Para ela, o que houve na UnB é inaceitável. Ela lamenta, ainda, que o caso tenha ocorrido na semana em que se defende a bandeira das causas feministas. ;Precisamos que medidas efetivas sejam tomadas. Como o rapaz pode ter levado a jovem em um carrinho de laboratório dentro do câmpus e ninguém ter visto? Não temos segurança;, queixa-se.
Lourdes informou que o Nepem trabalha diariamente contra as diferentes formas de violência, como assédio moral e sexual, além da questão do trote violento. ;As alunas se organizam em grupos e demandam um trabalho de informação e acolhimento de novas estudantes para terem conhecimento dos riscos. Há uma intolerância muito grande no conviver em coletivo, no viver e respeitar a diferença do outro.;
Segundo Jolúzia Batista, ativista do Forúm de Mulheres do DF, o assassinato de Louise confirma a necessidade de a UnB passar a discutir o padrão do comportamento dos homens na instituição. ;Isso que ocorreu foi um feminicídio, e há muitos estupros e trotes que objetificam as mulheres na instituição;, afirma.
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