Otávio Augusto
postado em 15/03/2016 06:10
Em Santo Antônio do Descoberto, distante 40km de Brasília, 63 mil habitantes dependem de um único hospital, que não realiza cirurgias, partos e vários exames. Na última semana, por exemplo, não havia sequer material para fazer o diagnóstico da dengue. Entretanto, o problema não é falta de dinheiro, mas, sim, possíveis desvios na aplicação de recursos federais para a Saúde. As irregularidades se espalham pela distribuição de remédios, tratamento odontológico e até uso de verbas públicas para custeio de procedimentos que não foram realizados. Há, ainda, suspeita de desvios de repasses do Fundo Nacional de Saúde para a construção de unidades básicas de saúde (UBS). O Ministério Público Federal (MPF) investiga a situação.
Contratos de fornecimento de material de limpeza, medicamentos e até locação de veículos apresentam indícios de superfaturamento. O MPF pediu que o Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO), cujo conselheiros são nomeados pelo governador Marconi Perillo (PSDB), apure as supostas irregularidades. Se comprovados, os desvios podem chegar a R$ 400 milhões. No ano passado, o Ministério Público de Contas de Goiás (MPC-GO) pediu que fosse realizada uma ;inspeção complexa;, referente aos exercícios de 2013 a 2015.
Somente este ano o MPF enviou três ofícios ao TCM cobrando informações. O mais recente, de 1; de fevereiro, pede informações sobre análise das contas do município. Em resposta ao requerimento, em 22 de fevereiro, a Corte disse que o processo ainda está em ;andamento;. A Procuradoria de Contas ressalta a necessidade de avaliar as práticas de aquisição, distribuição e controle de insumos e medicamentos. ;Requisitei informações de possíveis processos em análise, exame de contas. Quero saber o que eles fiscalizaram, em que setor e qual é o resultado;, explicou o procurador Ronaldo Albo.
O mecânico Manoel Vicente de Souza, 56 anos, precisou de antedimento de alta complexidade após se envolver em um acidente de trânsito. Ele quebrou o pé em três lugares e não conseguiu atendimento no município. O Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) tratou Manoel. ;A saúde aqui está doente e não vai sair da UTI por muito tempo. Quando muito, tem ambulância aqui;, reclama o homem, que mora em Santo Antônio do Descoberto há 13 anos. Naquela quinta-feira, havia dois clínicos plantonistas no Hospital Municipal Dom Luís Fernandes, o único da cidade, mas muitos materiais estão em falta.
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