Flávia Maia
postado em 18/03/2016 08:23
A Cascol tem um interventor escolhido: Wladimir Eustáquio Costa. O executivo assume a empresa a partir de 12 de abril e deve permanecer no cargo por, no mínimo, seis meses. O anúncio foi feito na manhã de ontem pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A definição ocorre 25 dias depois de a Cascol entregar a lista com nomes de possíveis administradores. O grupo, que tem 30% de participação no mercado local, é acusado de liderar um cartel no setor de postos de combustíveis no DF.Até 28 de março, o administrador provisório e a Cascol devem apresentar ao Cade a minuta do contrato firmado entre eles, considerando-se os deveres impostos pelo órgão. Wladimir será o elo entre a empresa e o Cade, prestando esclarecimentos e dando informações. Entre as obrigações previstas está a de o interventor manter preços diferentes dos combustíveis de forma adequada e em acordo com os respectivos custos. ;Abstendo-se de, por exemplo, manter os preços do etanol artificialmente elevados a fim de evitar concorrência com a gasolina;, descreve a nota técnica do Cade. Em caso de descumprimento das medidas impostas pelo Cade, a multa imposta é de R$ 8 milhões, acumulada com uma pena diária de R$ 300 mil.
[SAIBAMAIS]O prazo de quase um mês entre o anúncio do escolhido e o começo da intervenção foi dado pelo Cade com o objetivo de permitir que o administrador provisório se desligue de suas atividades atuais, garantindo, dessa forma, a dedicação integral às atribuições.
O interventor da Cascol vai gerir toda a rede de postos, a pedido da própria Cascol. A proposta anterior apresentada pelo Cade previa a intervenção em dois terços da empresa. O administrador terá o salário pago pela Cascol e pleno acesso às informações de compra e vendas de produtos. Também poderá contratar, demitir e estabelecer remuneração.
Wladimir é conhecido no ramo de combustíveis. A carreira foi construída na área de distribuição da Chevron Texaco, onde atuou como diretor-regional em Curitiba, Goiânia, São Paulo e Rio de Janeiro. Também foi diretor nacional de marketing da empresa. Em nota, a Cascol informou que não foi comunicada oficialmente pelo Cade; por isso, ainda não vai se manifestar sobre a escolha.
A intervenção no grupo é um desdobramento da Operação Dubai, deflagrada em 24 de novembro do ano passado. Sete pessoas foram presas suspeitas de participação no cartel. Entre os detidos estavam o presidente do Sindicato dos Donos de Postos de Combustíveis, José Carlos Ulhôa, e o empresário Antônio Matias, da Cascol.