Uma terapia que trabalha as relações de interdependência entre várias gerações familiares em busca de padrões de comportamento é cada vez mais utilizada pelos brasilienses. A técnica, conhecida como Constelação Familiar, chama a atenção até mesmo do Judiciário local, que a adotou em tribunais criminais, de família, cível e nos Centros Judiciários de Solução de Conflitos (Cejuscs) de Brasília e de Taguatinga.
Foi com base na experiência com os zulus, povo da África do Sul, durante a década de 1970, que o missionário alemão Bert Hellinger percebeu que alguns padrões de comportamento humano se repetiam por várias gerações. Ele acabou por sintetizar o aprendizado e estabeleceu as regras para a Constelação Familiar — Hellinger estará em Brasília, em abril, à frente de um encontro internacional sobre a iniciativa (leia Programe-se). Ao contrário da abordagem psicanalítica, que foca nas experiências pessoais e da primeira infância, Hellinger percebeu que havia três regras, que, quando desrespeitadas, causavam uma quebra de harmonia familiar. Essas normas são denominadas Ordens do Amor.
A primeira regra cita o direito ao pertencimento. “Quem nasce tem o direito de pertencer. Não importam as circunstâncias. Se alguém é banido do círculo familiar, essa regra é quebrada e o sistema entra em desarmonia”, explica a psicanalista e consteladora Joana di Paoli, 53 anos, que faz atendimentos em grupo. “De uns meses pra cá, o número de pessoas buscando conhecer (a técnica durante os workshops) passou de 15 para 30 pessoas por fim de semana.”
O segundo princípio é a hierarquia das relações interpessoais. A partir desse princípio, aquele que veio primeiro em uma família tem prioridade sobre os mais novos. Já a terceira regra versa sobre o equilíbrio entre dar e receber. Quando uma pessoa só dá amor ou só recebe, seja entre pais e filhos ou entre companheiros, há uma desarmonia nas regras da constelação.
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