Cidades

Violações a funcionários da UnB vão parar no Ministério Público do Trabalho

São denúncias de atraso de salários, de benefícios e dos planos de saúde dos trabalhadores das portarias, nos quatro câmpus da instituição

postado em 21/03/2016 14:35
Para receber os direitos referentes a seis anos de trabalho, Patrícia Campos da Silva teve que ir ao escritório da empresa com um advogado
As sucessivas violações trabalhistas de funcionários terceirizados da Universidade de Brasília (UnB) levaram o Ministério Público do Trabalho a convocar audiência pública para esta segunda-feira (21/3), a partir das 14h30. São denúncias de atraso de salários, de benefícios e dos planos de saúde dos trabalhadores das portarias, nos quatro câmpus da instituição. A UnB tem contrato de R$ 1.294.499 com a empresa Utopia para prestação do serviço desde junho de 2015. No entanto, nos últimos meses, vem descumprindo cláusulas do acordo. Os vencimentos de janeiro e fevereiro, por exemplo, foram pagos bem depois do quinto dia útil de cada mês. Além disso, a categoria reclama que o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) apesar de descontado mensalmente, não tem sido recolhido.

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A denúncia foi remetida ao MPT pela Central Sindical e Popular (CSP/Conlutas), em dezembro. A Utopia Consultoria e Assessoria presta serviço de portaria para a UnB e, além da instituição de ensino, venceu licitações nos ministérios da Integração Nacional, no das Comunicações e no da Saúde. A sede dela fica em Contagem (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte. Com a universidade, a Utopia mantém contrato de um ano, prorrogável por até cinco anos. O montante anual previsto é de R$ 15.533.982. São 264 funcionários contratados, para os três turnos. Com a redução do contrato a pedido pela UnB ; em razão dos cortes no orçamento da educação, no ano passado ; a Utopia demitiu cerca 142 trabalhadores.

O pagamento dos direitos após o desligamento, no entanto, não ocorreu. Para receber os direitos referentes a seis anos de trabalho, Patrícia Campos da Silva teve que enfrentar muitas idas e vindas. ;Só me pagaram quando eu fui lá (no escritório da empresa em Brasília) com advogado. Fui à Delegacia Regional do Trabalho (DRT) e me recomendaram fazer isso. A empresa se recusava a colocar o código do afastamento no Termo de Rescisão e isso atrasou o processo de adesão ao seguro-desemprego;, conta. Segundo ela, a demissão foi uma perseguição. ;O preposto disse que estava me demitindo por motivo pessoal. Ele colocou o irmão dele no meu lugar;, afirma.

Pelos atrasos de salário, a Utopia deve pagar multa de R$ 130 mil, de acordo com o diretor de Terceirizações da UnB, Júlio Versiani. ;A UnB tomou conhecimento dos atrasos e notificou a empresa. Como ela reincidiu no atraso, no mês seguinte, notificamos e aplicamos multa;, conta. Apesar dos constantes problemas com algumas empresas prestadoras de serviço, a universidade não pode evitar que elas participem da licitação. ;A gente procura orientações no Tribunal de Contas da União e na Controladoria-Geral da União para fazermos um edital o mais transparente possível. No entanto, o processo licitatório tem que dar oportunidade a qualquer empresa legalmente estabelecida, no território brasileiro, de participar. A gente fica de mãos atadas;, alega Versiani. A reportagem não localizou porta-voz da Utopia para comentar as denúncias. A audiência está marcada para as 14h30, com a participação de trabalhadores, de representantes da Utopia e da UnB.

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