postado em 24/03/2016 06:05
A necessidade de trabalhar ou de se dedicar em tempo integral aos cuidados com a família afastou muitos brasilienses da escola. Hoje, o estigma da palavra analfabeto também contribui para que as pessoas que não sabem ler ou escrever se mantenham distantes dos estudos. É para promover a aproximação entre esses dois mundos que não deviam ter se separado que os alfabetizadores formados na 4; edição do DF Alfabetizado já começaram a busca ativa por aqueles que serão seus alunos. Este ano, a Secretaria de Educação (SEDF) pretende atender a 3 mil cidadãos.
Apesar de ter ganhado o selo de território livre do analfabetismo em 2014 (leia Memória), o Distrito Federal ainda tem quase 53 mil moradores que não sabem ler e escrever, segundo estimativa da SEDF. ;Não dá para falar de erradicação, porque as pessoas têm o tempo delas e o querer delas. Com certeza, nós sempre teremos pessoas para alfabetizar. É importante continuar (o programa) aqui e no país inteiro;, afirma a coordenadora do DF Alfabetizado, Leda Ferreira Barros.
Neste mês, 240 alfabetizadores passarão pela formação de duas semanas nas 14 regionais. Praticamente todos eles já terminaram esta etapa, só faltam os selecionados no Gama e em Santa Maria, que começam o curso na próxima segunda-feira. O período de aulas, que dura oito meses, ainda não tem data marcada para começar, pois depende de definição da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (Secadi/MEC).
Enquanto isso, aqueles que já terminaram a formação começam a buscar os alunos. Os últimos a terminar o curso foram os alfabetizadores de Ceilândia. O pastor Goete de Borgonha Pires, 58 anos, que também é professor de teologia, foi um deles. Ele afirma que já começou a procurar estudantes nas igrejas e em associações em que atua. ;A gente nota que as pessoas precisam ser alfabetizadas para entrar na sociedade, para que a sociedade possa tê-las como pessoas de valor;, relata.
;A proposta do programa não é montar um estande e esperar a pessoa não alfabetizada chegar. Tem que colocar carro de som, usar a linguagem verbal e atingir essas pessoas que não sabem ler e escrever, de outra forma;, explica a professora Michelle Paiva, uma das coordenadoras intermediárias do DF Alfabetizado na cidade. Supermercados e escolas são outros locais em que os alfabetizadores também costumam procurar possíveis estudantes.
As aulas geralmente ocorrem à noite, mas cada regional tem liberdade para definir os horários das aulas. Todas as 11 escolas de educação de jovens e adultos (EJA) do DF estão preparadas para receber turmas do programa, segundo a coordenadora Leda Ferreira Barros, mas, caso falte espaços, é possível que as aulas ocorram em outros locais, como igrejas. Das 3 mil vagas, 2,7 são reservadas para a área urbana e 300 para a rural, em regionais como as de Brazlândia e do Paranoá.
Transformação
Nas três edições anteriores, o DF Alfabetizado atendeu 13,5 mil pessoas. A professora Margarida Minervino da Silva, 48 anos, é veterana. Este ano, participará pela terceira vez do programa. Desde que chegou em Brasília, há 22 anos, trabalha como educadora social e fortaleceu a atuação há 15 anos, quando passou a morar no Setor Habitacional Sol Nascente. Recentemente, formou-se em serviço social. ;Às vezes não tenho palavras. Você só sabe a importância (da alfabetização) porque está ali vendo a transformação que está vindo;, afirma.
Em 2012, em sua primeira participação, Margarida ajudou a articular a criação de oito turmas de alfabetização na Escola Classe 66. Depois, lutou para que a instituição de ensino abrisse também o primeiro segmento da EJA ; correspondente ao ensino fundamental ;, para que os alunos conseguissem continuar os estudos. ;Fizemos abaixo-assinado, conseguimos ajuda do diretor, dos alfabetizandos, saímos de porta em porta, nas paradas de ônibus e provamos por A mais B que existia uma demanda ali;, relembra.
Já Edmilson da Silva Lima, 41 anos, vai estrear como alfabetizador este ano. Apesar de ter nascido no Ceará, ele foi criado em Ceilândia, onde terminou o ensino médio aos 25 anos. Por isso, entende a realidade dos alunos que vai ensinar a ler e a escrever.
A formação que Goete, Margarida, Edmilson e de outros 33 alfabetizadores da regional de Ceilândia tiveram foi de responsabilidade do Centro de Educação Paulo Freire (Cepafre). O formato das aulas permite que o conteúdo seja aproveitado mesmo por quem já participou da formação mais de uma vez. ;A formação está muito inserida no contexto de quem participa. Não somos apenas nós que passamos o conteúdo, eles também passam, é uma troca;, afirma Kelly Grigório, presidente do Cepafre.
Para ela, a alfabetização significa empoderamento e abre portas para que os moradores da cidade consigam ler o mundo e mudar a própria realidade. ;A gente precisa fazer a ponte entre essa população que está invisível com o mercado de trabalho num nível mais elevado;, complementa Robson dos Santos Gomes, da coordenação intermediária do DF Alfabetizado em Ceilândia.
Como participar
Coordenação Regional de Ensino de Brazlândia
Endereço: Área n; 5, Setor Tradicional
Telefones: 3901-4342 / 3901-6626
Ceilândia
Endereço: QNM 14, Área Especial ; Ceilândia Norte
Telefone: 3901-5942 / 3901-3761
Gama
Endereço: EQ. 17/27, Área Especial ; Setor Oeste ; Gama
Telefones: 3901-8089 / 3901-8083
Guará
Endereço: QE 38, Área Especial D ; Guará II
Telefone: 3901-6656
Núcleo Bandeirante
Endereço: Av. Contorno, Área Especial 6, Lotes H/N
Telefone: 3901-4335
Paranoá
Endereço: DF-250, Km 3, Região dos Lagos, Sítio Rosas
Telefone: 3901-7553
Planaltina
Endereço: Setor Educacional, Lotes C/D
Telefones: 3901-3539
Plano Piloto e Cruzeiro
Endereço: SEPN 511, Bloco C, Ed. Bittar III
Telefones: 3901-3529 / 3901-2618/ 3901-6935
Recanto das Emas
Endereço: Quadra 203, Lote 32 ; Avenida Recando das Emas
Telefone: 3901-2372 / 3901-2614
Samambaia
Endereço: QS 104, Conj. 5, Lote 1, Loja 1 ; Samambaia Sul
Telefone/Fax: 3901-7938
Santa Maria
Endereço: EQ 215/315, Área Especial ; CAIC ; Santa Maria Norte
Telefones: 3901-6603 / 3901-6595
São Sebastião
Endereço: Quadra 5, Conj. A, Área Especial Centro ; CAIC Unesco
Telefone: 3901-7712 / 3901-8343
Sobradinho
Endereço: Quadra 4, Área Especial 4
Telefone: 3901-3773
Taguatinga
Endereço: QNB 1, Área Especial 1, Taguatinga Norte
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