Cidades

Encenação da Paixão de Cristo reúne fieis no Morro da Capelinha

Protagonistas de uma encenação só delas no Sábado de Aleluia, crianças de Planaltina são presença garantida hoje no Morro da Capelinha, onde ocorre o maior espetáculo religioso do DF. E sonham com o dia em que se juntarão aos atores mais velhos

postado em 25/03/2016 06:00

Protagonistas da via-sacra das Crianças, Douglas se prepara para se despedir do papel de Jesus, enquanto Layse Loane volta a se emocionar como Maria


A repetição milenar perpetua uma tradição. Assim ocorre com a encenação da Paixão de Cristo, um dos principais momentos da fé católica. Por séculos, enredo e desfecho da história sobre o calvário e a ressurreição de Jesus são relembrados e, ainda assim, emocionam os fiéis (veja arte). No Distrito Federal, a apresentação do maior espetáculo ; a via-sacra do Morro da Capelinha ; ocorre há 42 anos e, como em todas as edições, atrai uma multidão para o evento religioso. Para este ano, são esperados pelo menos 120 mil espectadores para o teatro a céu aberto, em Planaltina. A grandiosidade da celebração reflete a dedicação dos mais de 1,1 mil participantes e estimula os mais novos a prosseguirem na empreitada.

E, para quem ainda está aprendendo sobre a vida, a via-sacra proporciona diversas lições. ;Muitas vezes, pensamos que a criança não percebe o que está acontecendo na família. Mas ela vê tudo. A Paixão de Cristo a ensina a perceber as dificuldades e a não temê-las, mas, sim, buscar vencê-las;, destaca o pároco da Catedral Metropolitana de Brasília e coordenador do setor de comunicação da Arquidiocese de Brasília, padre João Firmino. Para intensificar a integração com a fé, desde os primeiros anos de vida, as gerações mais jovens são colocadas em contato direto com a história. Por isso, além de participarem como entusiasmados espectadores no Morro da Capelinha, desde 1994, os pequenos encenam a via-sacra das Crianças, no Sábado de Aleluia, também em Planaltina. ;A via-sacra é um momento de evangelização. Fazemos uma preparação espiritual muito grande. Ensinamos, inclusive, que o papel não pode subir à cabeça;, afirma a coordenadora do evento, Eliane Rodrigues de Araújo.

A experiência de estar no palco em uma das histórias mais conhecidas do mundo é desafiadora. ;Representar Jesus Cristo, para mim, é o topo. É nele em que me inspiro todos os dias. É gratificante demais;, conta Douglas Emanoel Munis de Jesus, 14 anos. Há três anos, ele se dedica a encenar o protagonista da via-sacra das Crianças. A cada edição, Douglas tenta ampliar as reflexões sobre a Paixão de Cristo. ;O texto, eu conheço, mas sempre tento melhorar a performance, lembrar tudo o que já me ensinaram sobre o papel e o porquê de Jesus ter passado pelo que passou;, conta. À véspera do grande dia, a expectativa é grande. ;Ao mesmo tempo que quero que chegue logo, também desejo que demore para acontecer, porque este é meu último ano na via-sacra das crianças. Já estou em idade de ir para a do Morro;, explica.


Representar Maria, por sua vez, é uma forma de expressar toda a emoção que a história estimula em Layse Loane Menezes de Santana, 15. Este é o segundo ano que a garota interpreta o papel. ;O amor de Maria por Jesus é muito emocionante;, descreve. O interesse pela atividade começa cedo. Aos 7 anos, Renan Marques de Santana participa como parte do povo que acompanha a trajetória de Cristo. ;Vim porque um primo já era da via-sacra e me convidou. Participei de todos os ensaios nos fins de semana;, conta.


A empolgação por participar de uma etapa crucial para a fé católica faz Cássio Santana de Almeida, 16, priorizar ensaios e encontros relacionados à encenação. ;Eu deixo de fazer qualquer coisa ; estudar, sair, ir para a rua ; para estar aqui.; Ele interpreta o centurião, soldado que bate em Jesus ao longo do calvário. ;É difícil, mas muito gratificante. Sempre quis ser centurião, acho o figurino bonito;, diz. Ele também participa da encenação no Morro da Capelinha, como povo. ;Observo bastante a do Morro para aprender;, garante.

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