Cidades

Mãe pede ajuda para sustentar os quatro filhos nascidos no DF

O pai das crianças, que a abandonou anos antes, deixou de ajudar Linda Mar e a família

postado em 05/04/2016 06:05

Dos quíntuplos nascidos há 16 anos, quatro sobreviveram: David (em pé), Rebeca (blusa azul) e Marta Alves dos Santos (blusa rosa)  Ester (laranja)

Desempregada, envelhecida e preocupada com o futuro, a mãe dos primeiros quíntuplos de Brasília, Linda Mar Miranda Alves da Silva, 55 anos, enfrenta sérias dificuldades financeiras para conseguir criar os filhos, hoje adolescentes, sozinha. Dos cinco irmãos, apenas quatro sobreviveram à gravidez tardia e complicada pela qual a faxineira passou, 16 anos atrás. Todos têm problemas neurológicos e de locomoção. Em casa, um ajuda o outro. Sonham juntos e sofrem juntos. Não se sentem aceitos na escola e são alvo de preconceito na vizinhança e, por isso, criaram fortes laços entre si. Para conduzir a vida da família com sabedoria, Linda Mar recorre à religião. O apego é tanto que, há quatro anos, sem dinheiro para sustentar os próprios filhos, a faxineira acolheu uma pastora idosa e doente. O pai das crianças, que a abandonou anos antes, deixou de ajudar.

O quarteto enfrentou a primeira dificuldade horas depois de vir ao mundo. Ainda no hospital, eles saíram da barriga da mãe direto para a incubadora. Estavam subnutridos. Viveram espremidos durante as 29 semanas de gravidez de Linda Mar, que, à época com quase 40 anos, foi considerada pelos médicos uma mulher incapaz de gerar bebês saudáveis. O diagnóstico se confirmou quando os exames realizados na emergência comprovaram lesões nos cérebros. O caso de Ester é o mais severo. Nasceu com as pernas atrofiadas, tem um coágulo na cabeça e não aprendeu a falar ou ir ao banheiro sozinha. Mas gasta toda a sua energia sorrindo. ;Ela é a mais feliz da casa. Talvez porque não sabe direito o que está acontecendo. Por causa dela, eu me obrigo a ter forças para levantar todos os dias;, conta a mãe.

Ester é o xodó de Marta, a irmã cuja saúde é a menos comprometida. ;Com essa, sim, eu sei que posso contar. Ela se tornou meu braço direito porque, mesmo aleijada, não tem tanto problema na cabeça;, acrescenta. Ela tem um pé disforme e não enxerga muito bem. Mas, enquanto ajuda a mãe na cozinha ou na limpeza, a adolescente se diverte cantando músicas religiosas ou sertanejas. Ela estuda em uma escola pública de Taguatinga, onde mora, com a irmã Rebeca ; uma tímida e impaciente jovem de óculos e aparelhos dentários que vive recusando os beijos do irmão David. Elas estão quase se formando no ensino fundamental. ;Quando acabar, vou estudar para ser fisioterapeuta. Quero cuidar da minha família, mas não pretendo trabalhar com isso. Vou ser cantora;, afirmou.

Remédios para a tristeza
David é o homem da casa. Pretende ser jogador de futebol, mas precisa que a mãe o deixe treinar com outras crianças. ;Fico preocupada porque eles maltratam meus meninos;, ressalta Linda Mar. Ele tem uma dificuldade extrema em montar as frases e pronunciar as palavras. Seu melhor amigo é o cachorrinho Apolo, de 3 anos. ;Ele é um menino triste. Sente falta do pai;, complementa mãe. Por causa do ex-marido, 12 anos mais jovem, ela topou engravidar. Reverteu uma laqueadura e teve as crianças. Foi trocada por uma amiga. Aceitou os R$ 600 que ele mandava mensalmente para cobrir os gastos da prole. ;Mas ele parou. Nós nos viramos com o dinheiro da Ester, que é aposentada por invalidez. Não estou trabalhando no momento e não tenho outra opção a não ser pedir ajuda nos jornais;.

A pastora Lídia Cândida, 80 anos, vive com a família Miranda por pura amizade. Ela não tem dinheiro para ajudar nas despesas. Recebe os mesmos R$ 880 que Ester, mas gasta tudo com remédios ;para a tristeza e para o esquecimento;. Ela não foi a primeira pessoa a ser acolhida por Linda Mar. Quando as crianças tinham 13 anos, uma sobrinha veio morar com eles após a morte dos pais. A faxineira também tem dois filhos do primeiro casamento. ;São adultos, quiseram sair de casa e tentar uma história diferente. Quando podem, eles nos ajudam. Mas não tem sido suficiente. Hoje, não sei nem se teremos jantar;, admitiu. Ao leitor, a faxineira faz um pedido: ;Nossa vida é simples, mas sempre foi muito sofrida. Precisamos de ajuda;.


COMO AJUDAR

; Telefones ; 3011-2258 / 8619-9317 / 8410-0464

; Caixa Econômica Federal
Agência 0008
Conta 932857-8
; Banco do Brasil
Agência 3605-6
Conta 14380-4
Nesta segunda conta, do Banco do Brasil, aparecerá o nome de Vanessa, a filha mais velha do primeiro casamento de Linda Mar. O cartão com os rendimentos é usado pela mãe.

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