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Andrzej Maria Braiter, embaixador polonês, relembra tempo que viveu no DF

Dos tempos de aulas na UnB e da venda de quadros na Feira da Torre de TV, ficou a relação de amor com a cidade

postado em 10/04/2016 07:57
Dos tempos de aulas na UnB e da venda de quadros na Feira da Torre de TV, ficou a relação de amor com a cidade
Era uma vez um polonês. Não, um brasileiro. Quer dizer, um polonês de alma brasileira, mas de coração inteiramente brasiliense. Em 13 de agosto de 1962, nascia Andrzej Maria Braiter, em Varsóvia, capital da Polônia. O menino de pele clara e olhos azuis logo veio queimar a pele no clima quente e seco de Brasília. Aos 13 anos, por conta da profissão do pai, vendedor, André, já em versão brasileira, chegou à capital federal. Nove anos depois de batalhar na cidade de terra vermelha, viver de forma humilde, empobrecida, estudar e morar na Universidade de Brasília (UnB), vender quadros na Torre de TV para aumentar a renda e fazer bicos de segurança para ter acesso aos endereços mais badalados de Brasília, André retorna para Varsóvia. Trinta anos depois, ele está de volta aos cenários candangos no entanto, um pouco diferente. Hoje, ele é o embaixador da Polônia no Brasil.

O posto conquistado prova que André é polonês. É dedicado, esforçado, assim como o povo de sua terra. Nunca desistem de serem experts no que fazem. Esse e outros poucos aspectos da personalidade refletem a nacionalidade dele. A seriedade é um. Sorrir para foto não é permitido. Há quem não deixe. Quando questionado sobre o porquê da particularidade, André não pensa duas vezes. Responde que tal imponência é importante para o posto, mas não esconde que em cada gesto há resquícios de um período nebuloso, cinzento e meio sombrio dos tempos de 2; Guerra Mundial. ;Isso é o resultado de quem precisou negociar com guerrilheiros para resgatar seus homens;, justifica.



No entanto, não se engane. A autoridade logo abre espaço para uma conversa mais calma, com direito, inclusive, a gargalhadas. Um cálice de vodca bem gelada ou um copo de uísque com Coca-Cola e tudo resolvido. ;Saí daqui em 1984 e voltei para a Europa. Só retornei agora. Mas, em 10 anos que estava lá, fiz uma carreira rápida e de sucesso. Tudo graças às habilidades naturais do brasileiro. Diálogo fácil, sorriso no rosto, sempre tentando encontrar uma solução e evitar conflitos. O europeu tem dificuldade em articular. Eu não tenho isso;, explica André. E foi com um verdadeiro jogo de cintura que ele sobreviveu em Brasília. Estudou no Liceu Laser, um colégio particular da época, perto de onde morava, na altura da 706/906 Sul. Ia e voltava a pé. A principal lembrança é de constrangimento. ;Eu era polonês. Na hora da chamada, sempre que ouvia meu nome, levantava ao responder. Todos riam. Demorei um mês para deixar de fazer papel de bobo.;

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