Bonito (MS) ; Dos traços modernistas de Brasília aos diferentes biomas desenhados pela natureza, como o Pantanal e o Cerrado, o Centro-Oeste é um polo de belezas e diversidade. Embora tenha elementos suficientes para encantar qualquer visitante, a região ainda atrai apenas 6% dos turistas que circulam pelo Brasil, tanto estrangeiros quanto nacionais, segundo dados do Ministério do Turismo. Com o intuito de conquistar mais visitantes e fortalecer o turismo, foi lançado o Projeto Brasil Central de Turismo, na última sexta-feira, em Bonito (MS). A ideia é do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), por meio da associação nacional e das unidades nos estados atingidos.
Um dos pontos centrais é convencer operadores de turismo, como as agências, a oferecerem pacotes integrados na região. ;Por exemplo, podemos aproveitar que a entrada dos turistas do Centro-Oeste ocorre quase sempre por Brasília para ele conhecer também a capital, além do outro destino;, explica Aparecida Vieira, gerente da unidade de serviços do Sebrae-DF. Uma pesquisa realizada pelo órgão com 31 operadoras nacionais verificou que 87% delas contam com algum produto do Brasil Central em seu portfólio. Os destinos mais comercializados são Bonito (MS), Brasília (DF), Pantanal/Corumbá (MS), Chapada dos Veadeiros (GO) e Chapada dos Guimarães (MT). Entretanto, apenas 3% das agências comercializam roteiros integrados. ;Dessa forma, os destinos competem entre si. A nossa ideia é unir esforços para vendermos melhor a região;, complementa Aparecida.
A expectativa dos idealizadores do projeto é aproveitar a alta das moedas estrangeiras para atrair o turista e ele ser recebido com um serviço de melhor qualidade. Pesquisa do Ministério do Turismo apontou que, em cada 10 turistas, nove farão viagens nacionais em 2016. Por isso, um dos objetivos do projeto é agir em pontos frágeis do turismo local. A capacitação das empresas e dos profissionais é um dos pilares estratégicos. Por isso, cerca de 800 empresas de pequeno porte receberão apoio. Serão 200 estabelecimentos de cada uma das quatro unidades federativas ; DF, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O projeto terá duração de três anos.
O presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens no Distrito Federal, Carlos Alberto Vieira, defende que todo o esforço de cooperativismo para o turismo é interessante. Ele aponta a logística e o preço dos passeios como impeditivos para o crescimento do turismo na Região Centro-Oeste e que precisam ser observados. ;Os horários dos voos são ruins e, para fazer o transporte terrestre, temos duas questões: as distâncias são longas e a malha viária ainda deixa a desejar. Dessa forma, não dá para fazer uma viagem curta;, explica. ;Além disso, o Pantanal, por exemplo, ficou um passeio caro para brasileiros por conta da alta procura de estrangeiros pelo destino. Os preços impeditivos levam os turistas nacionais a optarem pelo litoral;, complementa. De acordo com o Ministério do Turismo, 36,9% dos turistas vão para o Nordeste e 36,8%, para o Sudeste.
Para Yoshihiro Karashima, proprietário de uma agência de turismo no DF há 30 anos, a integração é importante. Ele ressalta que o fato de o Sebrae encabeçar o projeto dá mais segurança, porque independe de governo. Dessa forma, a chance de continuidade é maior. ;Estrategicamente, é difícil vender destino isolado, como Goiás, Brasília ou Pantanal. Essa integração é muito importante para vendermos destinos empacotados como Brasília com Pirenópolis ou Brasília com a Chapada dos Veadeiros.; Para Karashima, o aperfeiçoamento de guias também é essencial. ;Eles são a recepção do turista.;
Foco no digital
O projeto prevê ainda um portal na internet com informações sobre a região. Pesquisa do Sebrae mostra que 79% dos turistas estrangeiros em visita ao Brasil não usam serviços de agências de viagem ; 49% buscaram na internet informação sobre os destinos turísticos do país. ;Esses dados demonstram a importância de o projeto em focar nos meios digitais;, defende Aparecida Vieira, do Sebrae-DF.
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