Cidades

Impeachment muda rotina de Brasília neste final de semana

Com pistas fechadas e um calor infernal, o centro da capital do país mudou. Muita gente a pé e de bicicleta, e muito engarrafamento. Nos acampamentos governista e oposicionista, mais pessoas são esperadas para chegar até amanhã

Otávio Augusto
postado em 16/04/2016 06:00

Com as vias fechadas, centenas de trabalhadores tiveram que caminhar


O brasiliense acordou mais cedo com o desafio de driblar os gargalos que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff impôs à capital federal. A Esplanada dos Ministérios está fechada. Houve intervenções no transporte público. O trânsito parou. Ontem, o dia ficou marcado por atrasos no trabalho e muita caminhada sob calor de 30;C. No acampamento do grupo governista, próximo ao Estádio Mané Garrincha, integrantes organizavam as doações de alimentos e água. Do outro lado, oposicionistas articulavam a vinda de mais pessoas para o protesto de hoje. E teve até promoção: um hotel, em Taguatinga Sul, oferece desconto a quem for contrário ao governo.


A dificuldade maior veio com o trânsito interrompido ; as vias S2, N2, L4 e os eixinhos Sul e Norte, no início da manhã, formaram um cenário caótico. Pedestres, bicicletas e carros dividiam o mesmo espaço. ;O trajeto que faço, normalmente, em 10 minutos, terminei em 40. Isso atrapalha muito meu trabalho;, reclamou o taxista Nilson Castelo, 37 anos. O motorista de ônibus Douglas Souza, 28, demorou 1h10 para chegar a São Sebastião. ;Está um caos;, resumiu.


Quem estava no laço do horário se viu obrigado a caminhar ; como Jamile Nara Santos, 25; Diene Batista, 28; e Marts Frank, 34. Após esperarem um ônibus circular por mais de 50 minutos, decidiram ir andando ao trabalho. ;Já são mais de 30 minutos de atraso;, explicou Diene, moradora de Taguatinga. ;Venho ao trabalho de carro, mas depois que li sobre o fechamento, escolhi vir de bicicleta;, relatou Diogo Antunes, 28, morador do Cruzeiro. Já Ricardo Luiz da silva, 25, usou um skate para melhorar o deslocamento. ;Pego, diariamente, o circular, mas hoje saí de casa sabendo dessa mudança;, argumentou o servidor do Ministério da Agricultura.

O advogado cearense Paulo Macedo, 26, veio de Fortaleza para acompanhar os protestos. O jovem não conhecia Brasília e estranhou como ficou a organização da cidade. ;Até as pessoas que moram aqui estão confusas. As grades e o muro serão necessários para a segurança, mas as outras intervenções deixaram o dia estranho;, avaliou. Shoppings, praças de alimentação, feiras e até a plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto mostravam esvaziamento significativo. ;Se hoje está assim, imagina na segunda-feira? O desfecho da votação vai alterar ainda mais o cenário da cidade;, ponderou o auxiliar de design Max Silva, 24, morador de Taguatinga. No início da noite, houve protestos na Esplanada dos Ministérios.


Em Taguatinga Sul, o Hotel Nobile Plaza oferece desconto de até 50% a hóspedes que vieram a Brasília acompanhar as manifestações. Para participar da promoção é preciso ser pró-impeachment. O quarto, que custaria normalmente R$ 169 em um fim de semana, está saindo por R$ 80. O preço cai ainda mais se o número de pessoas a se instalar for grande. ;Estamos tentando driblar a crise. É uma alternativa para não fechar as portas;, diz Gilberto Alves Júnior, dono do comércio.

Acampamentos


O grupo pró-governo espera a chegada de mais 50 mil pessoas de 20 estados entre hoje e amanhã. Os contrários estimam que outras 10 mil também chegarão à cidade. As forças de segurança calculam pelo menos 300 mil manifestantes. Na pauta de ambos os movimentos, a preocupação com a violência e o extremismo. Um repórter espanhol questionava os ;os riscos de uma luta sangrenta; durante a votação do processo.

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