Otávio Augusto
postado em 19/04/2016 06:00
Uma das principais medidas preventivas contra o vírus H1N1 é a vacinação. Na rede pública, a campanha de imunização começou ontem para quatro grupos de risco. Longas filas de espera e desinformação marcaram a procura pela proteção. A Secretaria de Saúde disponibilizou o imunobiológico em 89 postos em toda a capital federal. A primeira parcela da população a ser atendida totaliza 295 mil pessoas.
Antes mesmo das 7h da manhã, as principais unidades de saúde concentraram grande movimentação. Somente no Centro de Saúde n; 4 da Estrutural, as equipes de enfermagem aplicaram cerca 400 doses. A fila era organizada com senhas, e uma sala ficou reservada exclusivamente para a campanha. Crianças entre 6 meses e 5 anos, gestantes, mulheres com até 45 dias pós-parto e os servidores da saúde iniciaram o serviço.
Em alguns momentos do dia, houve empurra-empurra, bate-boca e informações desconexas. Por volta das 11h, o Centro de Saúde n; 11, da 905 Norte, encerrou o atendimento nas duas salas destinadas à imunização contra a gripe para o intervalo do almoço, mesmo com alguns pacientes aguardando ; antes do horário recomendado pelo Executivo local, que vai das 8h às 12h e das 13h às 17h.
A dona de casa Loide de Souza, 30, reservou grande parte da tarde de ontem para conseguir a vacina para o filho, Lucas Eduardo, 2. A moradora da Estrutural ficou pelo menos uma hora na fila. ;Eu brinco que ele chora agora para eu não chorar depois. Este ano, a gripe está mais forte e causando muitas internações;, argumentou.
Roberta Moreira, 23, mãe de Caio Miguel, 4 e Rebeca Moreira, 2, enfrentou uma espera longa para imunizar as crianças. A mulher chegou pouco antes da 13h, mas, por volta das 15h, ainda estava na unidade de saúde da Estrutural. ;O Caio é mais frágil para gripe. Por isso, eu me adiantei para vaciná-lo logo no início da campanha;, contou a trabalhadora autônoma.
Casos
A capital federal contabiliza 45 infectados pelo H1N1, cinco mortes ; duas ainda são investigadas ; e 183 suspeitas. O avanço da doença é devastador. Em apenas sete dias, o número de casos aumentou 73% e o de situações que podem estar ligadas ao vírus cresceu 115%.
Santa Maria (com 7 casos), Asa Norte (6) e Taguatinga (4) são as regiões administrativas que mais registraram doentes. Segundo o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde, 40% das situações ocorreram em menores de 1 ano de idade. Metade dos casos de síndrome gripal acometeu gestantes. Nove pessoas estão internadas ; sete em estado grave.
Quem não está incluído no grupo de risco procurou os postos de saúde apavorado com o perigo da gripe. O aposentado Antônio Gato, 76, toma a vacina desde 2001 e diz estar temeroso com os níveis que o mal pode atingir este ano. ;A cada semana, tem mais gente ficando doente e os casos graves nos deixam preocupados. Não há como ignorar o assunto neste momento;, concluiu o morador da QSD 14, em Taguatinga Norte.
Apesar de o idoso ter ido ao Centro de Saúde n; 2, na Praça do Bicalho, ele não recebeu a imunização. ;Deveriam ter incluído as pessoas da minha faixa etária nesse primeiro grupo. Uma idosa morreu este ano com as complicações da gripe;, reclamou. Os demais grupos que fazem parte do público-alvo começam a ser vacinados em 30 de abril, durante a campanha nacional (leia Para saber mais).
A capital federal recebeu 260.720 doses do Ministério da Saúde, das 620 mil que serão disponibilizadas pela rede pública de saúde. A previsão do governo local é que até 30 de abril ; dia nacional de vacinação ; o estoque atinja 50% do necessário. Entre 25 e 27 de abril, o Executivo distrital deve arrecadar outras 61 mil doses. Ao todo, serão cinco complementos.
A supervisora de enfermagem Deusenice Barcelos, 48, tomou a vacina no início da manhã. ;É importante as pessoas se imunizarem. Não há motivo para desespero, mas a prevenção é o melhor caminho;, ressaltou. Na unidade de saúde onde trabalha, três servidoras se revezam no atendimento aos pacientes. Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a vacinação é gratuita e, no Distrito Federal, é disponibilizada em todos os postos de saúde. A secretaria afirmou que só se manifestaria com um balanço na sexta-feira.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique