Otávio Augusto
postado em 19/04/2016 06:05
Grandes cidades são ambientes propícios ao desenvolvimento de doenças, sobretudo as respiratórias. Este ano, gestantes, idosos e crianças centralizam a celeuma que não esperou o inverno chegar ; período sazonal para esse tipo de enfermidade. Na capital federal, 13 vírus que provocam gripes estão altamente em circulação. Em algumas situações, podem ocorrer quadros de Síndrome Respiratória Aguda grave (SRAG), internações e mortes. Além disso, as vacinas não protegem contra os novos germes. A Secretaria de Saúde alerta que cinco micro-organismos estão em escala ascendente na cidade e podem fazer vítimas.
Os trabalhos de monitoramento estão concentrados no Laboratório Central (Lacen), na Asa Norte. Na tarde da última quinta-feira, quando o Correio visitou o local, amostras passavam por análise para se descobrir quais vírus ali estavam presentes ; a principal suspeita da equipe de biólogos que investigavam os casos era o agressivo H1N1. Desde janeiro, o serviço vigia a situação virológica do Distrito Federal, com apresentação de um cenário que exige cautela. A aferição mais precisa se deve à substituição da metodologia de análise. O sistema de imunofluorescência deu lugar ao exame de PCR.
[SAIBAMAIS]Ranking
Os vírus Influenza A/H1N1, B, Parainflueza 2, Adenovírus e o Vírus sincicial respiratório (VSR) lideram o ranking do aumento de contaminações. Juntos, os cinco germes representam 38% do painel virológico de 13 micro-organismos de infecções respiratórias acompanhados pela metodologia de exame PCR. ;O adiantamento dos casos e a agressividade das doenças estão nos preocupando. Vamos focar na vigilância daquilo que é predominante e está causando os maiores problemas para termos uma resposta rápida;, explica o chefe Núcleo de Virologia do Lacen, Paulo Prado.
As pesquisas notificaram vírus que antes não eram comuns na capital. Metapneumovírus, Rinovírus e Bocavírus, em 2016, tiveram pela primeira vez a presença confirmada ; contabilizam 23% da apuração do painel virológico. ;Até o fim do ano passado, não havia esse tipo de diagnóstico. Eles são realmente novos;, conclui Paulo. Segundo o especialista em medicina tropical, esses germes são menos agressivos que o H1N1. O quadro clínico do Metapneumovírus, por exemplo, é associado a um resfriado, mas o tratamento precoce é recomendado.
Mutações perigosas
O monitoramento dos germes norteia as estratégias de controle de doenças desenvolvidas pela Secretaria de Saúde. O mapeamento serve para apurar as alterações dos micro-organismos e adequar a imunização e os tratamentos. ;Uma mutação que não estiver identificada na análise não estará presente na vacina e isso gera um problema de saúde pública;, frisa Paulo.