Cidades

Brasilienses participam de exposição que conecta diferentes tipos de arte

Dois holandeses, duas japonesas e um jovem indígena também mostrarão manifestações de várias partes do mundo

postado em 29/04/2016 06:05

David Elshout e a dupla Eru & Emu em ação: obras recentes e antigas farão parte da mostra


Um grafiteiro brasiliense integrará uma exposição que reúne renomados artistas internacionais. A mostra multicultural Cruzamentos DF ; ou Crossings in DF ; desembarca em Brasília em 4 de maio, no Museu Nacional Honestino Guimarães. Aos 24 anos, Miguel Molina dividirá espaço com dois artistas holandeses, David Elshout e Paul B;rchers; e com as irmãs japonesas Eru & Emu. A exibição também contará com quadros de dois aprendizes: um morador do Recanto das Emas e um jovem indígena do Alto Xingu.


A ideia é reunir o trabalho de artistas de todo o mundo, que atuam em diferentes vertentes. Nasceu pelas mãos de um holandês, David Elshout, 39 anos, que acredita no potencial das artes plásticas e resolveu unir talentos distintos, mas notáveis. Vivendo na capital há três anos, ele chegou aqui por conta da esposa, que é brasileira. Ainda se acostumando com a língua portuguesa, considera que Brasília tem um ar especial para esse tipo de evento. ;Esse lugar conecta todas as tribos. Gente do interior e da cidade grande se encontra aqui;, considera.

Miguel Molina veio de uma família de músicos e mora no Córrego do Urubu


Elshout explica que a exposição trará obras inéditas, entre quadros recentes e antigos. ;Uma das coisas que mais chamarão a atenção é um quadro de 7m de altura. Ele foi feito em Nova York e, em 2008;, conta. Apaixonado pelas manifestações artísticas genuinamente brasileiras, o holandês entrega o que mais o atrai nas obras do brasiliense Molina. ;Ele reúne vários aspectos interessantes da cultura visual do Brasil e revela realidades pouco vistas;, detalha.

Nascido em uma família de músicos e vivendo na zona rural do DF ; o Córrego do Urubu ;, Miguel Molina sempre se declarou apaixonado pela arte. Ainda pequeno, se utilizava dos desenhos para externar sentimentos ainda desconhecidos. Na adolescência, teve contato com o grafite e, ali, encontrou novas possibilidades. ;Percebi a chance de interferir no meio público, levar algo meu para a rua e propor mudanças;, conta. A partir daí, começou a desenvolver um trabalho mais crítico e impactante ; razão pela qual obteve destaque nacional e internacional.


;Gosto de imagens pesadas, com as quais a maioria das pessoas não costuma ter contato;, explica. Inconformado com as diferenças e pressões sociais, ele afirma querer quebrar tabus e falsas representações que ainda povoam a sociedade. ;A gente vê pelos outdoors um padrão de vida e beleza que não condiz com a realidade. Levo imagens carregadas de sentimentos fortes que podem ser um tanto agressivas e perturbadoras, mas são necessárias;, diz. Para Miguel, o diferencial da mostra é o fato de reunir culturas, técnicas e poéticas diversas. ;Cada artista que está ali tem uma vivência pessoal e um modo diferente de se expressar;, pontua. O brasiliense, que sempre pintou quadros por hobby, destaca os maiores desafios de migrar das ruas para os museus. ;A rua é algo bem livre e bastante imediatista. No caso dos quadros, tenho que me dedicar por semanas e até meses;, aponta.

Do Recanto

Entre 5 e 8 de maio, quem for à exposição também poderá conferir a construção de uma obra coletiva que contará com o auxílio de todos, incluindo-se os aprendizes ; artistas iniciantes que farão parte dessa vivência para treinar. O artista plástico e morador do Recanto das Emas Luciano Rincon, 22, é um dos dois aprendizes brasileiros selecionados. Ele conheceu o curador da exposição em uma viagem a Alto Paraíso, em Goiás. Desse encontro, a oportunidade surgiu. ;Eu fiquei imensamente feliz;, lembra. Surpreso e realizado, Luciano já concretiza o estilo de trabalho que desenvolve. ;Eu parto do princípio da arte geométrica. Daí em diante, deixo a imaginação ocupar todo o espaço.; Ele adianta o que público pode esperar da mostra: ;As pessoas vão encontrar muitas cores e formas. Vai ser uma exposição criativa e cheia de vida;, garante.

O estilo de cada artista

; Miguel Molina ; Com raízes urbanas, se utiliza de cores fortes e traz desenhos com forte crítica social

; David Elshout ; Desenho fluente com elementos gráficos e fotográficos

; Paul B;rchers ; Desenho com toques vintage e japonês em quadrinhos

; Eru & Emu ; As gêmeas japonesas se utilizam da linguagem fantástica, que vislumbra um universo entre o mundo que conhecemos e um outro, utópico


Exposição Cruzamentos no DF

; Onde: Museu Nacional Honestino Guimarães
; Quando: entre 4 e 31 de maio, sempre de terça a domingo
; Horário: das 9h às 20h30
; Visitação gratuita

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