Maria Eduarda Cardim - Especial para o Correio
postado em 10/05/2016 06:02
Não é de hoje que os fenômenos da astronomia chamam a atenção da população. A observação de passagens de cometas, eclipses e outros acontecimentos é uma prática comum. Ontem, apaixonados pelo espaço voltaram a ficar de olho no céu para presenciar o trânsito do planeta Mercúrio. A passagem do planeta entre o Sol e a Terra também é conhecida como minieclipse. Para ter uma visão ainda melhor, o Planetário de Brasília, em parceria com o Clube de Astronomia de Brasília (CasB), organizou, pela manhã, a observação do fenômeno.
A atividade ocorreu entre as 8h e as 11h, na área externa do Planetário. Para poder observar o espetáculo, foi preciso contar com instrumentos astronômicos, já que o trânsito não é visível a olho nu. Nove telescópios com filtros protetores foram disponibilizados para o público. Segundo Adriano Leonês, associado do CAsB, os instrumentos são utilizados para observação noturna, logo, precisaram de adaptações. ;Tem que ter cuidado, porque não se pode fazer uma observação direta com o Sol sem proteção. Por isso, adaptamos os telescópios.;
Adriano explica que, para o trânsito ocorrer, o planeta tem que ficar no mesmo plano de órbita do Sol e da Terra, ou seja, na mesma perspectiva de observação. Segundo o presidente da CAsB, Maciel Bassani, além de ser um acontecimento legal de se ver, o trânsito de Mercúrio já teve grande importância histórica. ;Antigamente, por meio dessa observação, foi possível calcular pela primeira vez a distância entre a Terra e o Sol;, conta.
O trânsito de Mercúrio ocorreu pela última vez em 2006. Na ocasião, o fenômeno começou por volta das 8h e, além do trânsito, foi possível observar manchas e outros detalhes do Sol. ;É legal, pois é possível ver o contraste entre o planeta e as manchas;, explica Maciel. A próxima observação está prevista para novembro de 2019 e, depois, em 2032.
Cerca de 50 pessoas, entre curiosas e amantes da astronomia, aproveitaram a oportunidade. É o caso de Marcius Fabiani, 42 anos, que se considera um astrônomo amador. Marcius tem um telescópio em casa, onde costuma observar os planetas e as estrelas, mas levou a filha, Manuela Souza, 9, para ver o fenômeno relativamente raro. ;Já sabia que a transição aconteceria e procurei eventos em que o público pudesse acompanhar. Se não houvesse, até pensei em adaptar meu telescópio para observar;, conta. Segundo o pai, o interesse da filha pelos astros é hereditário e, desde muito pequena, ela compartilha a paixão com ele.
Quem também adora o universo e seus fenômenos é Ângelo Leite, 5, que sugeriu o programa para a mãe, Renata Leite, 38, e a irmã, Maria Valentina, 4. ;Vimos no jornal o evento e, como já gostamos, ele me pediu para vir ao Planetário;, relata. A oportunidade serviu também para a família conhecer o Planetário. ;Com certeza, voltaremos mais vezes. O evento é excelente, pois estimula a curiosidade e o interesse das crianças pelo universo.;
Clube de Astronomia
Fundado em 1986, após a passagem do cometa Halley, o Clube de Astronomia de Brasília (CAsB) é uma associação sem fins lucrativos, que tem como objetivo o estudo, a pesquisa, o ensino e a divulgação da ciência astronômica. Durante o ano, são realizados diversos eventos, como observações de fenômenos celestes abertas ao público, palestras e cursos.
A organização é constituída por cerca de 200 sócios, entre eles astrônomos amadores e consultores profissionais da área. O presidente da associação, Maciel Bassani, se inclui nos grupos dos amadores. ;Eu sou servidor público e trabalho com tecnologia da informação, mas astronomia, para mim, é um hobbie. Eu adoro.;
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