Cidades

Jardim será inaugurado para lembrar legado do jardineiro Ozanan Coelho

O Campo da Esperança serviu de cenário para a despedida de amigos e familiares ao fiel jardineiro Ozanan Coelho. Ele mesmo tinha seus lugares preferidos em Brasília

Nathália Cardim, Otávio Augusto
postado em 10/05/2016 10:07
Familiares e amigos dão adeus ao homem que dedicou 40 anos da vida a arborizar o DF: cinzas espalhadas em vários pontos da cidade

;Fiquei chocado quando, lá da cabine do avião, não vi nenhum quadrado verde;, reclamou o urbanista Lucio Costa sobre a pífia arborização das superquadras da capital. A frase dita em 1974, durante um seminário que reuniu os medalhões da construção de Brasília, desagradou ao agrônomo Francisco Ozanan Coelho. Costa, provavelmente, não sabia da dificuldade de fazer qualquer ;pé de árvore; florescer no cerrado, até então desconhecido como ecossistema. Aliados a isso estavam os imensos vazios da cidade e um solo inclemente. Com muita técnica e esmero, Ozanan fez a natureza curvar-se diante da vontade do homem. Hoje, Brasília sustenta, com muita elegância, o título de cidade-parque. Ontem foi dia de se despedir do responsável por isso.

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[SAIBAMAIS]Ao passar por um buriti, uma paineira, um ipê ou uma copaíba, numa entrequadra ou praça, ali está o esforço de 40 anos de trabalho do fiel jardineiro. A maior parte das árvores que renderam a honraria a Brasília tiveram o plantio realizado durante as quatro décadas em que o agrônomo esteve na Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Ao todo, são 3 milhões de exemplares espalhados pela cidade. Quando se aposentou, em 2009, Ozanan sabia que ainda havia muito trabalho a ser feito. ;Falta deixar as cidades-satélites no mesmo nível de arborização do Plano Piloto, Sudoeste e dos lagos Sul e Norte. Felizmente, estamos caminhando celeremente para isso;, analisou. Durante 30 anos, ele esteve à frente do Departamento de Parques e Jardins (DPI) da Novacap.

Das palmeiras colocadas aqui na década de 1960 ; transplantadas na idade adulta de outras cidades ;, Ozanan fez crescer mil jardins. Entre os inúmeros espaços projetados na cidade, o agrônomo destacava o da entrequadra 201/202 Sul, próximo à sede da Polícia Federal. ;Quero que parte das minhas cinzas sejam enterradas lá;, recomendava. Ozanan morreu no domingo, aos 72 anos, vítima de um infarto fulminante. O corpo foi velado ontem e será cremado hoje. Ele instruiu a família a espalhar as cinzas por outros três pontos da cidade, onde estão as árvores prediletas: um buriti, uma paineira e uma copaíba, na 309 Sul. ;Cada árvore que eu olhar na cidade vou me lembrar dele e o coração vai apertar;, lamentou a servidora pública Érica Correia Coelho, filha de Ozanan.



;Fiquei chocado quando, lá da cabine do avião, não vi nenhum quadrado verde;, reclamou o urbanista Lucio Costa sobre a pífia arborização das superquadras da capital. A frase dita em 1974, durante um seminário que reuniu os medalhões da construção de Brasília, desagradou ao agrônomo Francisco Ozanan Coelho. Costa, provavelmente, não sabia da dificuldade de fazer qualquer ;pé de árvore; florescer no cerrado, até então desconhecido como ecossistema. Aliados a isso estavam os imensos vazios da cidade e um solo inclemente. Com muita técnica e esmero, Ozanan fez a natureza curvar-se diante da vontade do homem. Hoje, Brasília sustenta, com muita elegância, o título de cidade-parque. Ontem foi dia de se despedir do responsável por isso.

Ao passar por um buriti, uma paineira, um ipê ou uma copaíba, numa entrequadra ou praça, ali está o esforço de 40 anos de trabalho do fiel jardineiro. A maior parte das árvores que renderam a honraria a Brasília tiveram o plantio realizado durante as quatro décadas em que o agrônomo esteve na Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Ao todo, são 3 milhões de exemplares espalhados pela cidade. Quando se aposentou, em 2009, Ozanan sabia que ainda havia muito trabalho a ser feito. ;Falta deixar as cidades-satélites no mesmo nível de arborização do Plano Piloto, Sudoeste e dos lagos Sul e Norte. Felizmente, estamos caminhando celeremente para isso;, analisou. Durante 30 anos, ele esteve à frente do Departamento de Parques e Jardins (DPI) da Novacap.

Das palmeiras colocadas aqui na década de 1960 ; transplantadas na idade adulta de outras cidades ;, Ozanan fez crescer mil jardins. Entre os inúmeros espaços projetados na cidade, o agrônomo destacava o da entrequadra 201/202 Sul, próximo à sede da Polícia Federal. ;Quero que parte das minhas cinzas sejam enterradas lá;, recomendava. Ozanan morreu no domingo, aos 72 anos, vítima de um infarto fulminante. O corpo foi velado ontem e será cremado hoje. Ele instruiu a família a espalhar as cinzas por outros três pontos da cidade, onde estão as árvores prediletas: um buriti, uma paineira e uma copaíba, na 309 Sul. ;Cada árvore que eu olhar na cidade vou me lembrar dele e o coração vai apertar;, lamentou a servidora pública Érica Correia Coelho, filha de Ozanan.

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