Com um sorriso no rosto, o pequeno Lucas Alexandre não cansa de dizer: ;Mãe, como é bom estar curado, né?; Desde dezembro, a vida do garoto tem envolvido muito mais esperança e muito menos hospitais. O menino, de apenas 6 anos, lutava desde os 3 para encontrar um doador compatível para a realização de um transplante de medula óssea. Hoje, quase seis meses após o sucesso da intervenção cirúrgica essencial para vencer a leucemia, sua família pode vislumbrar um futuro, sem o temor do câncer. ;Agora, ele passa a maior parte do tempo brincando em casa. Já pode fazer pequenos passeios ao ar livre, e se alimenta normalmente. Tanto que, no próximo semestre, volto a trabalhar;, comemora a mãe, Fabíola Gomes, professora, de 38 anos.
Ela é uma das familiares que mais tem a celebrar com a melhora constante de Lucas. Além da óbvia felicidade que envolve a saúde do filho, Fabíola se alegra com as pequenas mudanças na rotina que tornaram suas vidas mais amenas após o transplante. ;Além do grande alívio, o mais importante, para mim, é vê-lo sem dor ; algo com que ele conviveu constantemente desde antes do diagnóstico. Ainda que tenhamos de esperar entre um e dois anos para o resultado final, ele já se sente curado.;
A mãe também cita outros pontos: a família não precisa mais ficar a maior parte do tempo no hospital. ;Eram inúmeras internações por conta da quimioterapia.; Hoje, Lucas caminha normalmente, pois já tem forças suficiente para tal, e, de uma média de 15 medicamentos diários, só precisa tomar dois. ;Continuamos com o acompanhamento médico quinzenal e vamos a São Paulo uma vez ao mês. Mas ele é apenas examinado para saber se continua bem.; Lucas foi diagnosticado com leucemia uma semana antes de completar 3 anos. Dois anos depois, entrou na fila do transplante, onde permaneceu por quatro meses. Nesse período, a família montou uma forte campanha nas redes sociais para estimular a doação, na busca pela compatibilidade.
E, para Fabíola, esse esforço foi essencial para perceber o quanto eles não estavam sozinhos na crença de que o filho sairia vitorioso dessa batalha. ;Foi também um estímulo para os doadores. A campanha fez com que mais pessoas pudessem doar e, dessa forma, abriu-se ainda mais a possibilidade de que outras pessoas possam encontrar uma medula óssea compatível;, explica.
Para a hematologista e hemoterapeuta do Hemocentro Flávia Piazera, todo encorajamento é positivo para os pacientes e para a sociedades. De acordo com ela, o objetivo da criação do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) foi fazer com que as pessoas que não encontram doadores compatíveis na família possam ter mais possibilidades de cura e tratamento mediante um transplante de medula óssea. ;O movimento da mídia de orientar e estimular trouxe um ganho de doadores muito positivo, principalmente nos últimos dois anos. A gente vê uma ascendência não só de doadores que vêm das campanhas, mas que conhecem a instituição e descobrem que não é apenas a doação de medula, mas a doação de sangue que faz com que esses pacientes se mantenham vivos até o transplante;, frisa.
Recuperação
Outra criança que hoje pode festejar uma operação de sucesso é Vivian Cunha Iliopoulos, 3 anos. No ano passado, a família da garota lançou nas redes sociais a campanha #ajudevivi. Diagnosticada com leucemia aos 10 meses de vida, ela encontrou um doador compatível no Canadá, para onde se mudou em outubro. Até hoje, a mãe, Fabiana Lima Cunha, 31, continua estimulando as doações por meio das redes sociais. ;As campanhas me deram força para acreditar que ela conseguiria um doador. Quantas pessoas me mandavam mensagens falando que tinham ido doar sem eu nem as conhecer. Além disso, grandes amigos, com quem há muito tempo não falava, me mandavam fotos deles doando. Todos esses atos de caridade nos dão ânimo para continuar acreditando que dará certo.;
E deu. Mesmo que o processo de recuperação esteja sendo lento e delicado, Fabiana comemora o aumento de energia em Vivian, além da facilidade da pequena em aprender inglês. ;Cada um reage diferente. A Vivian passou por várias complicações e quatro internações após o transplante. Ainda não sei ao certo quanto tempo precisaremos ficar devido a essas complicações. Ela ainda tem consultas duas vezes na semana.;
Flávia Piazera garante que, atualmente, o Distrito Federal possui capacidade de cadastrar 9 mil novos doadores por ano. Para ela, o ponto que deve ser mais incentivado, atualmente, é a manutenção do registro atualizado, para que, no caso de identificada a compatibilidade, o doador possa ser rapidamente encontrado. ;Isso é para que o doador se mantenha disponível. Melhoraram muito o conhecimento e a disponibilidade das pessoas em doar, mas ainda falta esta atenção para a manutenção do cadastro sempre com informações recentes;, completa.
Mesmo com as dificuldades, Fabiana Cunha mantém a fé. Para ela, tanta batalha e sofrimento só podem ser recompensados com a cura total da filha. ;Espero que, num futuro próximo, ela possa ir para a escola, possa ter uma socialização com meninos e meninas de sua idade, pois minha filha nunca teve a oportunidade de ter contato com muitas crianças.;
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