Cidades

Tese de suicídio de PM encontrado morto no Sudoeste está sob suspeita

Ferimentos apontados no laudo levam a família a rejeitar hipótese de que ele tenha se matado; Corregedoria investiga o caso

Isa Stacciarini
postado em 14/05/2016 09:32

Ferimentos apontados no laudo levam a família a rejeitar hipótese de que ele tenha se matado; Corregedoria investiga o caso

A investigação da morte do sargento da Polícia Militar Daniel Quezado Amaro pode sofrer uma reviravolta. Um laudo de exame de corpo de delito produzido pelo Instituto de Medicina Legal (IML) da Polícia Civil do DF mostra que o militar tinha um ferimento na palma da mão direita, produzido pela ação de ferrolho na pistola (mecanismo que serve para carregar a arma). O resultado revela, ainda, que a bala fez um trajeto de cima para baixo e, discretamente, da esquerda para a direita. Para a família do policial, o laudo é um indício de que não foi suicídio, primeira hipótese levantada depois da morte, na noite de 24 de fevereiro. ;O meu irmão era destro, atirava com a mão direita;, diz Ricardo Quezado, 54 anos.

O resultado da necropsia, realizada na manhã de 25 de fevereiro, mostra que o projétil entrou pelo abdômen, lacerou o fígado, atingiu a veia cava inferior e produziu uma intensa hemorragia. A bala ficou alojada na musculatura da região lombar direita do sargento, na altura da terceira vértebra lombar, de onde foi retirada e encaminhada ao Instituto de Criminalística (leia No detalhe).

As investigações exigiram novos exames. Foi solicitado, por exemplo, o laudo da necropsia psicológica do policial e colheu-se sangue para exames toxicológicos, de alcoolemia e de DNA. Uma das dificuldades em esclarecer o caso é a alteração do local onde Quezado morreu. Em razão do socorro e do espaço pequeno, móveis foram arrastados, modificando a cena original. O caso é tratado pela Divisão de Investigação da Corregedoria da Polícia Civil com prioridade. Antes investigado pela 3; Delegacia de Polícia (Cruzeiro), seguiu, no início do mês, para a Corregedoria da Polícia Civil. A mulher de Quezado é policial civil e estava com ele em uma quitinete do Sudoeste na noite da morte.

O inquérito tem 90 dias para ser encaminhado ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). Há duas semanas, Ricardo esteve no MPDFT, mas ressaltou que promotores aguardam a chegada da investigação. ;O meu pai tem 81 anos e a minha mãe, 82. Além de estarem muito abalados, aguardam o posicionamento da Polícia Civil. O desejo é que essa história se conclua, porque a primeira informação é de que tinha sido um suicídio. O meu irmão não tinha esse perfil. Ele era apaixonado pelo neto, de 3 anos, pelo filho e pela vida. Tinha um apartamento na praia, estava no melhor momento da vida e não tinha nenhum motivo para fazer isso;, destacou Ricardo, que contratou um advogado.

A Polícia Militar informou que a morte aconteceu com a arma particular do sargento. Inicialmente, a Corregedoria da PM procurou a Polícia Civil para pedir atenção especial ao caso. A corporação militar não instaurou nenhum procedimento apuratório. ;Aguardamos informações da Polícia Civil. Esse caso está sob sigilo de investigação e esperamos o desfecho. O caso aconteceu dentro do apartamento e houve uma testemunha ; no caso, a mulher dele;, ressaltou o chefe do Centro de Comunicação Social da PM, coronel Antônio Carlos Freitas.

O oficial reforçou a competência profissional do sargento e confirmou que ele não apresentava indício de descontrole emocional. ;Ele era um excelente profissional, que gostava muito do trabalho. Naquele momento, não havia, aparentemente, nenhuma indicação de nenhum tipo de transtorno, depressão ou algo parecido, que pudesse levar ao comportamento que ele supostamente pode ter tido, mas não temos como mensurar;, destacou.

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