Cidades

Proibição de entrada de animais divide opiniões no Parque Dom Bosco

De um lado, usuários reclamam que os bichos sujam o espaço e assustam as crianças. Do outro, visitantes que não veem problema em levar os pets para o parque

Gláucia Chaves
postado em 14/05/2016 14:42

Mesmo com a proibição, cachorros de rua insistem em passear na Ermida

Desde que Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) decidiu acatar o pedido do Ministério Público do DF (MPDFT) para proibir animais de estimação no Parque Ecológico Dom Bosco, na sexta-feira (13/05), os ânimos andam acirrados. De um lado, usuários reclamam que os bichos sujam o espaço e assustam as crianças. Do outro, o grupo pró-cachorro defende que, desde que cumpridas as regras de segurança instituídas na Lei Distrital 2.2095/1998 -- como o uso da focinheira para animais de grande porte - não há problema algum em levar os pets para um passeio no parque. O parecer vale até que a Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário do DF analise o mérito da questão.

Fábio Sousa dos Santos, 30 anos, defende que lugar de bicho é na natureza. Tutor de um cão da raça Boxer, o auxiliar de serviços gerais acredita que o parque é uma chance de tirar os bichos de dentro de casa. ;Muitas vezes, eles ficam trancados o dia inteiro. Aqui é um bom lugar para eles.; Apesar de não ter cachorro em casa, Fabiano Sousa dos Santos, 26 anos e também auxiliar de serviços gerais, também é contra a proibição. ;Os animais têm que ter liberdade, igual a gente. Tendo as restrições da lei cumpridas do jeito certo e se o animal estiver vacinado, não faz sentido deixar ele preso dentro de casa.;

Daniel Lima Santiago não gostou da decisão.

Daniel Lima Santiago, 34 anos, não gostou da decisão. Para o fotógrafo, em vez de proibir, o governo deveria conscientizar a população sobre os cuidados necessários para que os bichinhos não incomodem ninguém. ;Acho que proibiram por conta de alguns usuários que não souberam como lidar, não recolhiam as fezes dos animais;, opina. Santiago sugere algumas alternativas que, a seu ver, poderiam substituir o veto, como sacos plásticos para que os donos possam catar os excrementos do animal. ;O Estado poderia dar orientações em quais lugares o cão não pode circular, como na água, e espalhar totens com as regras.;


A pedagoga Fabiana Silva, 33 anos, não quer saber de bicho no parque. Mãe da pequena Sarah Valentina, de 11 meses, ela diz não querer que a filha divida espaço com os animais. ;É complicado porque as pessoas não respeitam, não dão educação para o cachorro. São opiniões divergentes e todo mundo tem que conviver, mas a liberação dos cachorros incomoda as demais pessoas;, defende. ;Poderia ter um espaço reservado para cada um. Aí não precisaria proibir deles virem aqui, mas seriam lugares separados, porque eu, pessoalmente, não gostaria de dividir o mesmo espaço.;


O que diz a lei


De acordo com a Lei Distrital 2.2095/1998, quando em trânsito por locais de livre acesso ao público, o uso da focinheira é obrigatório para ;cães de grande porte, de raças destinadas a guarda ou ataque;. O acessório é exigido, ainda, para ;cães de comportamento habitualmente agressivo, mesmo sem raça definida;.


Memória

Proibição no Parque da Cidade
Em 15 de abril do ano passado, a Câmara Legislativa aprovou um projeto de lei que restringia a circulação de cães nos parques públicos do Distrito Federal. Logo após a decisão, a comunidade se manifestou contrariamente. Por meio das redes sociais, foram organizados protestos e abaixo-assinados com o objetivo de pressionar o então governador, Agnelo Queiroz (PT), a vetar o projeto. As principais mudanças previam que a circulação dos pets ficasse restrita a áreas cercadas e isoladas, além do uso obrigatório de focinheiras, independentemente da raça ou do tamanho. Os responsáveis pelos animais também deveriam ser maiores de 18 anos. Ainda em abril, cerca de 800 pessoas participaram de uma ;cãominhada; no Parque da Cidade, que levou à criação do ParCão dentro da unidade, em julho.

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