Cidades

Manifestantes dizem que, se forem retirados, invadirão outras construções

Torre Palace transforma-se em palco de embate entre integrantes do MRP e forças de segurança do GDF, quando o governo tentou desocupar o prédio, amparado por decisão judicial

Luiz Calcagno
postado em 02/06/2016 07:34
Policiais militares do Bope apareceram para evitar que outras pessoas subissem no prédio
O que seria uma simples operação de dedetização do hotel abandonado Torre Palace se tornou confronto direto entre integrantes do Movimento Resistência Popular, que ocupa o local, e as forças de segurança do DF. Desde as 8h, os manifestantes jogaram todo tipo de objeto e até bombas caseiras na direção de policiais e agentes de órgãos do GDF, que tentavam retirar as pessoas da construção.

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O trânsito no Eixo Monumental foi desviado, causando engarrafamentos até a noite. Por volta das 19h30, o Buriti deixou somente um pequeno grupo de policiais no local para monitorar os nove adultos e duas crianças que permaneceram. Os ocupantes querem que o governo forneça um lugar definitivo para moradia e prometem invadir outras construções se forem retirados à força.

[SAIBAMAIS]De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, a operação está amparada por decisão judicial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) em 2; instância. O acórdão do desembargador Sebastião Coelho, proferido em 24 de maio, autoriza o Estado a entrar e tomar as medidas legais de saúde e segurança do prédio. A ordem foi reiterada pela Corte às 15h de ontem.



Linha do tempo

1973

O Torre Palace foi fundado pelo empresário libanês Jibran El-Hadj. Com a morte do patriarca, em 2000, o imóvel passou à gestão dos sete herdeiros, que teriam entrado em desacordo sobre a direção do hotel.

2013
O hotel deixou de funcionar e passou por período de abandono e uma disputa judicial entre os herdeiros.

2014
A empresa Brookfield Incorporações iniciou negociações com os herdeiros de Jibran para comprar o espaço e erguer um novo prédio, mas a venda foi interrompida.

23 de outubro de 2015
Cerca de 120 famílias do Movimento Resistência Popular Brasil (MRP) invadiram o prédio. No local, já havia usuários de drogas e traficantes.

Dezembro de 2015
A Polícia Civil fez operação no local e prendeu Edson Francisco da Silva, acusado de extorquir as famílias que moravam na carcaça do hotel.

Fevereiro de 2016
O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 10; Região determinou que o prédio fosse leiloado devido ao descumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) proposto pelo Ministério Público do Trabalho do DF (MPT-DF). O acordo foi firmado para que fossem corrigidas irregularidades trabalhistas com ex-funcionários. As multas por causa do descumprimento chegavam à soma de R$ 120 mil. O TRT chegou a marcar o leilão do prédio para 28 de março, mas o processo acabou suspenso.

Março de 2016
A Justiça suspendeu o leilão no início do mês por avaliar que havia controvérsia sobre a dívida e a avaliação do imóvel. Dias depois, a juíza Mara Silda Nunes de Almeida, da 8; Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) deu 20 dias para que os proprietários do Torre Palace Hotel esvaziassem o edifício, mas eles não foram encontrados para serem notificados.

12 de março de 2016
O corpo de um homem foi encontrado no estacionamento do hotel abandonado. A namorada dele disse à polícia que eles tiveram uma discussão e ela o deixou sozinho em um quarto do sétimo andar. Ela informou que não o viu depois disso. A suspeita era que o homem havia se desequilibrado e caído.

17 de março de 2016
Em caráter liminar, a magistrada Mara Silda Nunes de Almeida deferiu ação protocolada pela Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF), a pedido do governador Rodrigo Rollemberg, contra a empresa Torre Incorporações e Empreendimento Imobiliário Ltda., dona do hotel.

3 de maio de 2016
Na chegada da tocha olímpica ao Brasil, os integrantes do MRP fizeram uma manifestação e atearam fogo a objetos no teto do prédio.

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