Cidades

Visão do Correio: O fim da invasão

postado em 07/06/2016 09:37

Durante meses, a invasão do Torre Palace afrontou os brasilienses. Às margens do Eixo Monumental, o prédio abandonado transformou-se num ponto de tráfico, uma cracolândia vertical no coração de Brasília. Trabalhadores, empresários e turistas que circulavam pelo Setor Hoteleiro Norte viviam sob constante ameaça. Havia riscos para todos, inclusive para as famílias de sem-teto que estavam no prédio e dividiam o espaço com criminosos e usuários de drogas. A situação tornou-se insustentável e a desocupação era a única medida a ser tomada.

A operação para retirada dos invasores do Torre, no domingo passado, ocorreu de forma precisa e responsável. Depois de cinco dias de tentativa de negociação e de muito tumulto na região central do Plano Piloto, não restava outra opção ao governo do Distrito Federal a não ser uma ofensiva estratégica contra pessoas que se intitulavam lideranças dos sem-teto e desafiavam as autoridades públicas.

Cerca de 200 homens do Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Especiais, auxiliados por helicópteros e pelo Corpo de Bombeiros, participaram da retomada do prédio. A ordem do governador Rodrigo Rollemberg era evitar qualquer tipo de agressão. E foi o que aconteceu. Apenas um dos 16 ocupantes do prédio ficou ferido com um tiro de bala de borracha, mas sem gravidade.

O principal foco, desde o primeiro momento, era a preservação da integridade física de crianças usadas como escudo pelos invasores, alguns dos quais com reincidência criminal. Depois de exames médicos, os meninos voltaram para suas famílias. Estavam assustados, mas em bom estado de saúde.



Apesar do aparato policial envolvido na operação, houve resistência. Com pedras e botijões de gás, líderes do movimento, entre eles, Edson Francisco da Silva, colocaram em risco a vida de PMs que entraram no prédio de helicóptero. Edson foi indiciado por sete tentativas de homicídio. Ele já responde a inquérito sob a acusação de extorquir dinheiro de integrantes do Movimento de Resistência Popular (MRP), do qual é um dos fundadores.

Edson, agora, vai responder aos crimes de organização criminosa, resistência e dano ao patrimônio público e privado, além das tentativas de homicídio. Pela gravidade das imputações, a Justiça converteu a prisão dele e de outros quatro invasores em preventiva. Todos terão de aguardar na cadeia ao julgamento. Uma punição exemplar é o que a população do Distrito Federal espera.

Mas há outros responsáveis pelo teatro de absurdos e que precisam ser responsabilizados. Os proprietários do hotel devem responder pelo abandono do prédio e, no mínimo, ressarcir os cofres públicos pelos gastos com a operação. Outro desafio, agora, é aumentar a fiscalização e evitar novas invasões.

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