postado em 12/06/2016 08:10
Outubro de 2012. Aos 70 anos, o padre Edson Alves dos Santos cumpre pena em uma pequena chácara anexa à precária e vulnerável cadeia de Alexânia. O pároco deixou o altar da catedral da cidade goiana de 23 mil habitantes após laudos e testemunhas provarem que ele era um criminoso. A Justiça condenou o religioso por abusar sexualmente de um menino de 10 anos. Ele recorreu. Conseguiu reduzir a punição, mas não a absolvição. Com a prisão decretada, fugiu. Ganhou abrigo na casa de um dos frequentadores da igreja. Após se entregar, não usou algemas nem ficou atrás das grades. Sob a alegação da idade e de diabetes, vive sem escolta ou trabalho, em um lote com sete alojamentos, mas nenhum outro detento, recebendo visita e comida de beatas.
Fora do presídio do município distante 95km de Brasília, o pároco tem o perdão dos antigos seguidores. Muitos duvidam das provas aceitas pela Justiça goiana. Para não restarem dúvidas, policiais civis levaram o coroinha de 10 anos ao Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia, a 140km de Alexânia. Um exame mais elaborado confirmou a violência. Como relatou o menino à mãe, à avó, a conselheiros tutelares, a policiais civis, a psicólogos, a um promotor e a uma juíza ; sempre com os mesmos detalhes, a mesma versão ;, o padre Edson abusava dele na igreja e na casa paroquial, onde dormiam juntos. O pároco, como consta no inquérito e no processo, obrigava o garoto sob o discurso de que aquilo era um segredo entre os dois e Deus.
Os mais fervorosos fiéis se revoltaram. Acusaram a família da vítima de oportunismo. Diziam que queriam arrancar dinheiro da Igreja, apesar de nunca terem pedido nenhum centavo. Assim como o garoto de 10 anos, as outras vítimas que testemunharam contra o padre deixaram Alexânia com os familiares, depois de as suspeitas ganharem publicidade. Eles passaram a ser mal quistos por frequentadores da igreja comandada por Edson e viraram alvo de gozação dos vizinhos, de colegas de escola e de outros moradores. Pobres, sem qualquer apoio do Estado, tentam retomar as vidas no anonimato, em cidades distintas, bem longe de Alexânia.
Integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), a psicóloga Josiane Soares diz que, em relação à criança ou o adolescente abusado por um religioso, o ponto mais importante é saber lidar com esse trauma. ;É preciso que toda a família seja orientada, para que esse acontecimento possa ser superado e não atrapalhe a vida adulta;, afirma.
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