Um grupo de mulheres se uniu para denunciar um estelionatário amoroso de 48 anos que já fez mais de 30 vítimas por todo o país: três delas no Distrito Federal, uma em Formosa (GO) e outra no Novo Gama (GO). Além de procurar a polícia e orientar outras mulheres que tenham caído na lábia do farsante, elas denunciam em uma rede social os cerca de 18 perfis que o homem mantém e as fotos que ele coloca em aeroportos do Brasil à caça de novas reféns. Para ludibriar as pretendentes, o golpista se diz oficial do Exército Brasileiro, lotado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ou policial federal cedido ao órgão. Com perfil inteligente e sedutor, ele conta ser formado em psicologia e economia, com pós-graduação em marketing.
Uma das vítimas, moradora do Cruzeiro, perdeu cerca de R$ 102 mil. A Polícia Civil do DF, de Goiás e do Ceará investiga os casos. Existem duas ocorrências registradas na 3; Delegacia de Polícia (Cruzeiro) ; uma enviada à Formosa (GO), onde mora uma delas ;, outra na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) e registros na Delegacia de Defesa da Mulher em Fortaleza (CE). O homem continua atuando nas redes sociais.
Ele segue um padrão: adiciona as pretendentes ; todas entre 35 e 50 anos, com vida estável e poucos filhos ; e inicia a conversa. Mostra-se interessado pelos mesmos gostos das vítimas, revela ser instrutor de tiro e paraquedista. Com a desculpa do falso trabalho, ele conta viajar para muitos lugares em missões de investigação. Em alguns casos, as diárias nos hotéis são pagas pelas próprias envolvidas. Ele justifica que, em razão da crise econômica, o governo federal parou de arcar com as hospedagens. Galanteador, promete casamento e uma vida cheia de sonhos. Quando percebe o completo envolvimento, o golpista coloca em prática as farsas: cria problemas de saúde e pede dinheiro.
Em agosto de 2014, uma professora universitária de 40 anos moradora do Cruzeiro conheceu o homem pela internet. A primeira saída ocorreu em janeiro de 2015. Para conquistá-la, ele passou a frequentar a mesma igreja da vítima. ;Ele era simpático, bonito e envolvente. Andava perfumado, bem-vestido, dizia ter uma cobertura em Águas Claras e um apartamento na 210 Norte, que não eram deles.;
Para extorqui-la, o golpista inventou que o pai precisava passar por uma cirurgia e ser transferido para São Paulo. A professora, então, vendeu o carro por R$ 50 mil e entregou todo o dinheiro ao homem, com a promessa de devolução. Ajudou com mais R$ 25 mil e custeou a hospedagem dele. Ainda pediu demissão do emprego porque ele a convidou para um falso projeto de segurança em uma empresa aérea. ;Quando comecei a cobrá-lo da necessidade do carro, notei que ele se afastou. Investiguei e achei as sete ex-mulheres dele. Encontrei inúmeras vítimas;, contou. Hoje, ela faz acompanhamento psicológico. ;Ele incorporou um personagem há 20 anos e vive disso. Eu fiquei sem trabalho, sem carro, passando necessidade e até hoje pago empréstimo. Tenho três empregos para dar conta de tudo.;
Filhos
Todos os sete filhos do acusado são fruto de relacionamento com vítimas. Não paga pensão alimentícia por recusa das ex-companheiras, que sabem da existência do golpe. Uma das primeiras vítimas foi uma autônoma de 35 anos, de Formosa (GO), em outubro de 2012. Em 15 dias, pediu a mulher em noivado. Em 2013, ela engravidou, mas um mês depois perdeu o bebê em aborto espontâneo. Ela deu ao golpista, ao todo, R$ 20 mil. ;Ele sempre tinha uma estratégia para abordar as mulheres e tocar no ponto em que cada uma sente necessidade;, contou. Quando descobriu a farsa, a mulher recebeu ameaças. Em 10 de dezembro do ano passado, a 1; Vara Criminal da Comarca do Tribunal de Justiça de Goiás de Formosa expediu medida protetiva em favor dela. ;A minha força, agora, é lutar para que nenhuma vítima caia nesse golpe.;
A titular da 3; DP, delegada Cláudia Alcântara, explicou que entrou em contato com a Polícia Civil de Fortaleza para pedir mais informações e vai instaurar inquérito até o fim da semana. A titular da Deam, delegada Ana Cristina Santiago, explicou que, em 2009, uma das vítimas registrou ocorrência na unidade policial. O inquérito foi concluído em 2011.
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