Cidades

Especialista ensina mulheres da Chapadinha a fazer arte com capim-colonião

A ideia é que, com o aprendizado, elas possam incrementar o orçamento

postado em 16/06/2016 06:05
Objetos produzidos durante o curso com as mulheres de Chapadinha: bolsas, cestos e objetos decorativos feitos com plantas encontradas no mato
Quase mil quilômetros separam o município piauiense de Gilbués e a capital do Brasil. Como tantos outros, desde 1960, Diana Alvez Custódio, 33 anos, veio do Nordeste na expectativa de encontrar no cerrado uma melhor condição de vida. E o caminho que ela escolheu foi o artesanato. Enrolando vagarosamente o capim-colonião, ela aprendeu durante duas semanas com um dos mestres, João da Fibra, como transformar a beleza da natureza em arte. ;Essa é a primeira vez que tenho contato com o artesanato. Sempre trabalhei na roça, mas acho que isso pode me ajudar a conseguir uma renda melhor;, espera Diana, acompanhada da filha, Bárbara, de 1 ano.

João foi professor dela e de outras 10 mulheres que vivem na Chapadinha, zona rural de Brazlândia. Durante o período do curso, elas puderam entender melhor como a delicadeza do capim pode se converter em bolsas, cestos e objetos de decoração. ;O capim-colonião sempre foi tratado como um alimento para gado. O que quero mostrar é que ele pode ser transformado em arte, que é uma dádiva da natureza e está aí, fácil para ser conseguido;, explica João da Fibra. Trabalhando com artesanato desde os 13 anos, ele é hoje um dos mais consagrados artesãos do país e o único que consegue lapidar tão bem essa matéria-prima.

Só que ele não quer ser o único. E é por meio das mulheres da Associação das Donas de Casa de Chapadinha e Circunvizinhanças que João espera conseguir deixar seu conhecimento. ;Sempre tive medo de morrer e não deixar o meu legado. Para que isso não aconteça, é preciso ensinar as pessoas. A ideia de colocar isso para a frente existe para manter essa história. Sou um discípulo e quero deixar novos discípulos.; O curso, que tem apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-DF), encerra-se hoje e outro grande desejo de João é que mais pessoas possam visitar a área rural, conhecendo de perto não só o trabalho que suas alunas deixaram no capim, mas todos os outros que, nas mãos delas, reforçam o artesanato do Centro-Oeste. Para, ao mesmo tempo, conhecer a história dessas pessoas. Afinal, como não ser cativado pelo encantamento infantil de uma senhora de 78 anos enrolando fibras de capim? Lindalra Carvalho da Silva, presidente e fundadora da associação, não esconde o quanto está empolgada em conseguir aprender uma nova forma de artesanato. ;Eu me sinto como uma criança de 10 anos. Até tive dificuldades no começo, porque sou canhota, mas, depois que aprendi. agora não quero mais parar.;

Comunidade
O entusiasmo de Lindalra não se limita ao conhecimento adquirido. Lutando há mais de 30 anos para trazer melhorias para as mulheres da Chapadinha ; ;Tudo começou porque a gente precisava de uma creche para que elas pudessem deixar os filhos e irem trabalhar;, lembra ;, a presidente da associação se anima com a possibilidade de o capim que ela via diariamente em todas as propriedades da região se tornar algo capaz de trazer dinheiro para as associadas. ;Antigamente, não éramos tão respeitados. Hoje, eu me sinto feliz de ver que todas as mulheres estão conseguindo trabalhar, fazer qualquer tipo de bordado, qualquer tipo de roupa e estão querendo aprender mais técnicas para conseguir ainda mais serviços;, completa.
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