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Com o inverno, doenças respiratórias disparam na capital federal

A chegada do inverno é sinônimo de aumento de males ligados, principalmente, a problemas respiratórios. Este ano, surtos de caxumba e maior incidência de H1N1 provocam crescimento nos atendimentos hospitalares. Cuidados devem ser redobrados

Otávio Augusto
postado em 19/06/2016 08:05
Apesar de todo o cuidado de Fernanda Pereira, o filho Pedro Henrique precisou ser internado com crise de amigdalite
O inverno chega oficialmente na terça-feira. Com a nova estação, doenças como asma, amigdalite, bronquite, dor de ouvido, pneumonia, rinite, sinusite, bronquite e alergias disparam na capital federal e levam centenas de pessoas para as emergências. De janeiro a abril, a taxa de internação por males ligados às intempéries do clima subiram, gradualmente, à medida que os termômetros caíam ; um aumento de 64,9%, segundo estatísticas da Secretaria de Saúde. O número chega a 2.943 hospitalizações. E deve crescer ainda mais. Crianças e idosos são os mais atingidos. Este ano, outra doença colocou as autoridades sanitárias em alerta: a caxumba e o H1N1 ; altamente contagiosos nesta época do ano.

A pneumonia e a asma são as doenças que mais causam internação na cidade neste período. O Hospital Materno Infantil de Brasília (HmiB) e o Hospital Regional de Taguatinga (HRT) lideram o ranking de unidades públicas mais procuradas para o tipo de assistência ; somam 37,9% dos atendimentos. O frio, somado à baixa umidade do ar e a uma maior concentração dos poluentes, potencializa esse tipo de enfermidade.
O servidor público Marcos de Andrade, 59 anos, tem faringite e renite aguda. Logo nos primeiros declives na temperatura, o carioca sente incômodos na garganta e no nariz. No ano retrasado, teve uma crise asmática e precisou ir ao hospital. ;Uso sempre soro para hidratar o nariz e evitar a congestão nasal. Além disso, o umidificador de ar ajuda um pouco. Mas melhora mesmo só quando acaba o inverno. Esses quatro meses são os piores do ano, sofro muito;, reclama.

O pneumologista Thiago Fuscald explica que, com o clima frio, as pessoas ficam mais agrupadas e os ambientes, mais fechados. ;Nessas condições, os vírus e as bactérias se disseminam mais facilmente. Fora isso, o ar fica mais poluído com alérgenos e substâncias irritantes. O pulmão tem um desafio maior nesta época do ano, fica mais exposto;, detalha.

Durante o inverno, aparelhos umidificadores e purificadores de ar são bastante usados. Em média, há equipamentos que custam R$ 400. Entretanto, o uso não é recomendado por especialistas. ;A efetividade desses aparelhos contra fungos e ácaros é muito baixa. Alivia apenas o conforto para respirar. Vale mais manter uma boa higienização da casa e ventilar os ambientes;, explica o otorrinolaringologista Gustavo Torres.

Casos graves
Pedro Henrique Andrade, 4 anos, está internado desde quinta-feira num hospital particular da Asa Sul. O menino começou a ter sintomas de sinusite há 10 dias. Depois, evoluiu para uma crise de amigdalite. Com o avanço do quadro, chegou a tomar quatro antibióticos. ;Todas as recomendações médicas, eu segui. No quarto, havia bichos de pelúcia, cortina de tecido e tapete. Retirei tudo;, conta a professora Fernanda Andrade Pereira, 34, mãe do menino.

Cláudia Valente, pediatra da Associação Médica de Brasília (AMBr), ressalta que os pais devem manter a atenção aos sintomas apresentados pelos filhos e buscar socorro médico precoce. ;Para evitar complicações, o melhor é procurar o hospital quando a febre persiste. Nesta faixa do ano, há muitas internações por crises de asma, rinite, gripe, pneumonia e infecções;, explica, ao destacar que é imprescindível manter a cartela de vacinação em dia (leia Para saber mais).

A servidora pública Vânia Mazocata, 33, é mãe de Marcelo, de 2,7 anos, e Luiz Henrique, 1. No apartamento onde a família vive, em Águas Claras, a novela é conhecida: primeiro, o mais novo apresenta os sintomas de tosse, espirros e coriza e depois passa para o mais velho. ;A garganta sempre é um risco. Já houve ocasiões de ir parar no hospital. Nesta época, não tem como fugir;, reclama.

Os meninos têm rinite alérgica. Para tentar driblar a doença, a mãe é cuidadosa com a limpeza da moradia. ;Não temos tapetes, e a poeira é retirada todos os dias. O quarto deles, eu procuro deixar ventilar durante a manhã e deixar bater bastante sol. À noite, o banho é mais cedo e uso mais agasalhos;, descreve Vânia.
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