Otávio Augusto
postado em 21/06/2016 12:30
Há cinco dias, os médicos residentes da Secretaria de Saúde estão parados por falta de pagamento da bolsa treinamento e do auxílio-moradia. Apenas 30% dos 900 profissionais estão trabalhando. Ambulatórios, cirurgias eletivas e enfermarias estão com serviços suspensos. O governo não sabe mensurar o impacto da paralisação no atendimento à população. O grupo cobra ainda o pagamento do reajuste aprovado em março para a categoria. Segundo o Executivo local, há em caixa R$ 5,8 milhões para solucionar o problema. Contudo, não há data para a quitação da dívida. A portaria interministerial dos ministérios da Saúde e da Educação publicada em março garante o acréscimo de 11,9% nos benefícios. O Buriti argumenta que a gratificação não estava previsto pela Lei Orçamentária Anual do DF estabelecida ainda em 2015, o que degringola os recursos.
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Segundo os residentes, o dinheiro deveria ter sido depositado na sexta-feira (6/6). O Executivo local prometeu quitar parte dos benefícios na terça-feira (10/6), o que não ocorreu. "Durante reunião da Governança na sexta-feira (18/06), ficou decidida a liberação de R$ 5,8 milhões para o pagamento da dívida com os médicos residentes", explica nota da pasta.
Para o GDF, "a questão será resolvida nos próximos dias", mas não estabelece uma data. "O valor é a diferença entre o antigo e o novo valor da bolsa residência. A questão será resolvida nos próximos dias, logo após as etapas administrativas inerentes ao processo de pagamento", destaca texto.
Críticas
A residente da pediatria do Hospital Materno Infantil de Brasília (HmiB) Anna Luiza Alves, 26 anos, reclama do atraso dos repasses. Ano passado foi aprovado o nosso reajuste, O governo federal está repassando o dinheiro para o GDF que não está pagando. Continuamos recebendo o salário antigo e nenhuma explicação foi dada", questiona. A bolsa é dada por 60 horas semanais de atendimento.
Por mês, cada residente recebe R$ 2.976,26 de bolsa e R$ 892,97 de auxílio. Com o aumento, os valores passariam para R$ 3.334,46 e R$ 998,56, respectivamente. A Secretaria de Saúde argumenta que não há repasses ministeriais para o custeio dos médicos residentes. "O pagamento é realizado com recursos da própria Secretaria de Saúde", finaliza.
O presidente da Associação Brasiliense dos Médicos Residentes (ABMR), Bruno Borges Braga, cobra o pagamento do reajuste e o retroativo. "O governo não nos recebeu em nenhum momento. Todo mês o governo diz que vai pagar o aumento e o retrativo, mas a espera é desde março", reclama o residente da ortopedia do Hospital Regional de Ceilândia (HRC). "Os residentes estão sendo pagos aleatoriamente. Alguns recebem o valor total, outros sem o auxílio-moradia", completa.
Manifestações
Os residentes garantem uma semana marcada por protestos. Nesta terça-feira (21/6) eles realizaram um ato no Hospital de Brase (HBDF). Amanhã (22/6), eles se reúnem em frente a Secretaria de Planejamento ; órgão que participa das negociações para o pagamento dos residentes. Na quinta-feria (23/6), o grupo protesta na sede da Secretaria de Saúde, na Asa Norte. Por fim, na sexta-feira (24/6), haverá uma doação de sangue coletiva na Fundação Hemocentro de Brasília.