Cidades

Jovens do DF caem em golpe de suposto padre que vende euro mais barato

Vítimas perderam as economias que juntaram para participar da Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia, na Polônia

postado em 24/06/2016 15:09
Movimentação de pessoas na Cidade Velha, em Cracóvia, na Polônia, lugar escolhido como sede da Jornada Mundial da Juventude, em 2016
Um homem que se apresenta como padre José é acusado de aplicar golpe em jovens do Distrito Federal interessados em ir à 31; Jornada Mundial da Juventude (JMJ), na cidade polonesa de Cracóvia, de 26 a 31 de julho. A Polícia Civil confirma três ocorrências registradas nas últimas semanas ; elas estão sendo investigadas nas 1; DP (Asa Sul), 5; DP (Asa Norte) e 4; DP (Guará). As vítimas relatam que ele entra em contato com líderes de grupos católicos organizadores da viagem, com o discurso que dois padres estão vindo de fora com uma grande quantidade euros e pretendem vender abaixo da cotação, sem a taxa de imposto. Mas somente para católicos, pois, segundo o suspeito, são mais confiáveis. Ao ver o religioso mostrar boas intenções, os interessados depositam o dinheiro em duas contas, ambas em nome de Paulo Roberto Miguel, foragido da Justiça. Somente no DF, Paulo Roberto possui 23 inquéritos ; 19 deles por estelionato.

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A estudante da Universidade de Brasília Ângela*, 21 anos, é uma das vítimas. Ela se preparava para JMJ há mais de 1 ano. A possibilidade de participar de um dos maiores eventos de jovens católicos do mundo era motivo suficiente para obter o dinheiro. Vendeu doces na faculdade, roupas que não usava mais e fez economia. Com a crise econômica no Brasil, Ângela se via preocupada com a compra dos euros que seriam utilizados na Polônia. Até que a oportunidade de adquirir a moeda de modo mais acessível apareceu. ;Eu já tinha passagem, hospedagem, documentação, tudo. Só faltava o dinheiro para eu usar lá;, alega.

A ;boa-nova; veio por meio de um comunicado de Fernanda*, responsável por fechar os pacotes do grupo religioso de que Ângela faz parte. Ela recebeu uma ligação do suposto padre. No começo, o tal José dizia ter ligado na comunidade católica e sido maltratado por uma pessoa que o atendeu. Como aparentava estar exaltado, a integrante tentou acalmá-lo, até que ele explicou o motivo real do contato: a venda de euros. ;Queria que eu passasse o número da casa dele para nós, da igreja, porque só queria vender para pessoas corretas. Citou o nome de vários líderes da comunidade, e eu acreditei;, descreve Fernanda.

O acordo era simples: a garota teria que depositar R$ 3.500 divididos em duas contas diferentes. Com os comprovantes enviados para um e-mail, pegaria os euros em uma escola católica particular na Asa Sul, com o encarregado da Tesouraria. No local combinado, acompanhada do pai, veio a surpresa: era um golpe. ;Eu liguei para o número novamente e falei com uma mulher que dizia trabalhar lá há uma semana como faxineira. Perguntei o endereço e ela não sabia responder;, afirma Ângela. ;Eu fiquei triste de não ter percebido. Agora, meu pai vai bancar o que falta, mas vou trabalhar para devolver o dinheiro para ele.;

O Correio telefonou para o número fornecido por Ângela. A pessoa do outro lado da linha apresentou-se como padre José, disse trabalhar em uma paróquia no estado de Goiás, mas se negou a dizer o nome da cidade. Ele relatou desconhecer qualquer ilegalidade nas transações e que apenas fez a intermediação de duas pessoas interessadas no serviço. Sobre o titular das contas em que o dinheiro é depositado, José disse que o beneficiário reside em São Paulo e não possui contato com ele. Paulo Roberto Miguel comete crimes de estelionato na capital federal desde 1987, em diversas regiões administrativas. Além do DF, ele é procurado em Goiás, Minas Gerais e São Paulo.

Com informações de Júlia Campos e Carolina Gama.

* Nome fictício a pedido da vítima

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