Cidades

Caxumba se espalha em escolas do DF; ja são 12 colégios afetados

Dos 12 surtos registrados até o momento, sete foram em colégios da Asa Sul. Ceilândia, Taguatinga, Guará e Samambaia lideram as 638 ocorrências. A tendência, segundo a Vigilância Epidemiológica, é que haja mais casos

Otávio Augusto
postado em 24/06/2016 17:53
Pela primeira vez na capital federal a Secretaria de Saúde notifica tantos casos de caxumba. Ao todo, 638 pessoas se contaminaram com o vírus aramyxovirus até o último dia 18 ; dados mais recentes da pasta. De acordo com mapeamento da Vigilância Epidemiológica, Ceilândia (com 107 casos), Taguatinga (97), Guará (67) e Samambaia (65) são as regiões administrativas que apresentaram a maior incidência da doença. Os homens são os mais afetados, com 62% das ocorrências.

Dos 12 surtos registrados este ano, sete ocorreram em escolas particulares da Asa Sul. Victor Tenoreo Silva, 17 anos, estuda no Colégio Marista, na 609 Sul, onde a semana de provas foi suspensa. Lá, há 19 casos da doença ; sendo 16 em alunos e três em funcionários. A mãe do adolescente, Glecy Silva, 48, buscou a imunização. ;Moramos no Park Way, e ficamos sabendo de casos perto de casa. E, agora, com a chegada das férias, achei importante estar com todas as vacinas em dia para ficarmos tranquilos em casos de viagens;, reforça.


Um pai, que pediu para não ser identificado, está preocupado com os filhos de 7 e 11 anos. Ele acredita que a Vigilância Epidemiológica não está calculando os riscos. ;Suspenderam a festa junina, a acolhida e as atividades esportivas, mas não suspenderam a sala de aula, onde o risco é maior. A chance de contágio é ficar na sala de aula;, explica o médico, que há três dias não deixa os filhos irem ao colégio. Ele enviou um alerta por aplicativo de celular a alguns pais.

No Colégio Presbiteriano Mackenzie, no Lago Sul, desde segunda-feira ocorre a imunização de alunos, professores e colaboradores. Lá, houve casos de caxumba, mas a instituição não detalhou a quantidade. ;Tivemos a necessidade da vacinação por causa da faixa etária atingida, de 13 a 15 anos. A cobertura foi da educação infantil ao ensino fundamental. Os alunos infectados ficaram afastados, de acordo com recomendação médica;, detalha Rosimeiry Castro Nascimento, coordenadora da escola.

Uma professora está com caxumba e se afastou das aulas no Colégio Pódion, na 712 Norte. ;Esse caso está tranquilo e ainda não houve agitações por parte dos pais. Reforçamos os cuidados com higiene e não alteramos o funcionamento da escola;, garante o diretor da instituição, Ismael Xavier. Os colégios Sigma e Galois não notificaram situações da doença, segundo a direção. Ainda assim, estão em alerta. As escolas Leonardo da Vinci e Olimpo não comentaram a situação.

O especialista em doenças respiratórias e transmissíveis Ricardo de Melo explica que não há motivos para alterar o funcionamento dos colégios. ;Os alunos saem de férias em julho. Suspender aula neste momento só assusta a comunidade. Isso só deixa as pessoas mais ansiosas. Este é um momento de fazer ações preventivas, não drásticas. Tomando as medidas de higiene, como a lavagem das mãos, e afastando as pessoas doentes, não há motivo para pânico;, aconselha o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB).

Alerta
O estudante Sávio Melo, 22 anos, teve caxumba há um mês. A maioria dos casos foram do sexo masculino, totalizando 396 (64%). Entre as faixas etárias que houve maior contágio estão a de jovens de 15 a 19 anos, que correspondem a 23,7%. Segundo o morador de Taguatinga Sul, alguns vizinhos e amigos também tiveram a doença. ;Começou com um incomodo embaixo da orelha e, no mesmo dia, começou a inchar. Então, fui ao hospital. Além da dor, o mais complicado é ter que ficar em casa para não agravar o quadro;, conta.

Cejana Caiado, 48, está na faixa etária em que houve o maior contágio ; 49,9% dos doentes são adultos de 20 a 49 anos. A mulher resolveu tomar a vacina no Centro de Saúde n; 7, na 612 Sul. ;Decidi me prevenir. Acabei de tomar a vacina e não doeu nada. Esperei cerca de 10 minutos na fila, e a vacina foi supertranquila e rápida;, conta.

A gerente de Vigilância Epidemiológica, Priscilleyne Reis, explica que nos próximos dias ainda haverá aumento dos casos. ;A soroconversão da vacina demora de 12 a 15 dias para a pessoas ficar imune. Não é de efeito imediato. Além disso, mesmo os vacinados podem adoecer, já que a efetividade da tríplice viral (que protege conta o sarampo, a rubéola e a caxumba) é, em média, de 88% para a caxumba.; Em 30 de junho, a Secretaria deve divulgar o número de dontes desta semana.

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