Jornal Correio Braziliense

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Faculdade particular do DF registra oito casos de caxumba

Entre os infectados está um professor. Os primeiros casos surgiram há 40 dias

Oito alunos do Centro Universitário UDF contraíram caxumba. Todos os casos são do campus sede da instituição, na 904 Sul. Os estudantes receberam atendimento médico em unidades de saúde públicas e particulares. Os afastamentos das aulas variaram entre quatro e oito dias. Mesmo após o surto, a faculdade não alterou o cronograma letivo, segundo os acadêmicos. Os cursos de farmácia e psicologia registraram casos.

O primeiro caso teria sido de um professor há um mês. Desde então, o vírus se espalhou pela instituição. Lideranças estudantis criticam a falta de ações preventivas. ;Fizemos várias reclamações na coordenação e na reitoria, mas nada foi feito;, conta o estudante de farmácia Rui Paulo Grassio Uchoa, 39 anos, representante de classe.

[SAIBAMAIS]Os alunos procuraram a Secretaria de Saúde por meio da Ouvidoria. Segundo resposta enviada por email, uma equipe de enfermeiros entrou em contato com o colégio. ;Orientamos a comunicação sobre a necessidade de atualizarem o cartão vacinal, procurando qualquer sala de vacina do Distrito Federal;, frisa a resposta. Para a Secretaria de Saúde, a faculdade teria negado os casos. Versão refutada pelos estudantes. ;Desde o primeiro caso tudo foi enviado para a coordenação. Os alunos estão com dificuldade de protocolar os atestados;, garante Rui Paulo.

Há 20 dias, a estudante do 2; semestre de farmácia Milena Valadares, 18 anos, acordou inchada. ;Não senti nenhum sintoma antes. Quando fui ao médico ele disse que era caxumba. Perdi duas provas que depois não consegui recuperar;, conta a moça que ficou 12 dias de atestado. ;Na minha sala muita gente teve. Durante uma avaliação um colega começou a sentir os sintomas;, detalha a moradora de Sobradinho 2.

O rosto do universitário Eduardo Rodrigues de Souza, 26 anos, continua inchado mesmo após 15 dias dos primeiros sintomas. ;Essa semana eu fui para as aulas. Fiz prova com sintomas da doença. Há mais de 40 dias a gente está avisando a faculdade sobre os casos e nada foi feito;, reclama. O morador do Riacho Fundo 2 não tem dúvida do local de contaminação. ;Onde eu moro não conheço ninguém que teve isso;, explica.

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A Secretaria de Saúde confirmou as infecções ao Correio. ;Como os estudantes estão em período de férias, segundo informou a universidade, a Gerência de Vigilância Epidemiológica responsável pela Asa Sul, orientou os coordenadores da instituição a entrarem em contato com os alunos da turma onde ocorreram os casos para que todos procurem o centro de saúde mais próximo e tomem vacina contra caxumba;, informou a pasta, em nota.

O UDF informou em nota que está seguindo as diretrizes estabelecidas pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica, da Secretaria da Saúde, e que levou os casos ocorridos no curso de farmácia para conhecimento do Centro de Informações Estatísticas de Vigilância em Saúde por e-mail. Além disso, a coordenação do curso de farmácia divulgou informações sobre sintomas e procedimentos a serem seguidos no caso de suspeita da doença. Devido à baixa presença de alunos no fim do semestre, a Vigilância Epidemiológica se comprometeu a ir à faculdade no início de agosto para ações educativas, se necessário. O UDF ressaltou ainda que os alunos não serão prejudicados academicamente devido ao afastamento em função de doença infectocontagiosa.

Panorama

Pela primeira vez na capital federal a Secretaria de Saúde notifica tantos casos de caxumba. Ao todo, 638 pessoas se contaminaram com o vírus aramyxovirus até o último dia 18 ; dados mais recentes da pasta. De acordo com mapeamento da Vigilância Epidemiológica, Ceilândia (com 107 casos), Taguatinga (97), Guará (67) e Samambaia (65) são as regiões administrativas que apresentaram a maior incidência da doença.

Dos 12 surtos registrados este ano, sete ocorreram em instituições educacionais particulares da Asa Sul, Taguatinga, Águas Claras e Lago Sul. O Colégio Marista, o Mackenzie, o Pódion registraram caos da doença.

Os homens são os mais afetados, com 62% das ocorrências. Segundo mapeamento da Vigilância Epidemiológica, as faixas etárias que houve maior contágio são a de jovens entre 15 e 19 anos, que correspondem a 23,7% das notificações.

Vacina

A caxumba, doença caracterizada principalmente pelo inchaço das glândulas que produzem saliva, pode ser contraída mais de uma vez, mesmo quando ocorre a vacinação ou a primeira contaminação. Entretanto, esses casos são bastante raros. Segundo a literatura médica, um indivíduo pode registrar mais de uma ocorrência de coqueluche, infecção marcada por tosse severa e seca, embora sejam situações isoladas.

No Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina a tríplice viral ; que protege contra caxumba, sarampo e rubéola ; está disponível gratuitamente para pessoas de até 49 anos de idade. Para crianças e adolescentes de até 19 anos, estão disponíveis as duas doses. Para pessoas entre 20 e 49 anos, o sistema público de saúde oferece apenas uma dose.

Perguntas e respostas sobre a caxumba

Eduardo Espíndola, especialista em doenças infectocontagiosas.

Há prevenção?

A prevenção é tomar a vacina tríplice viral, que protege contra caxumba, sarampo e rubéola. A imunização ocorre a partir de um ano de idade em duas doses, com intervalo de um mês.

Como ocorre a transmissão?

A caxumba é altamente contagiosa. A transmissão é pelo ar e pelo contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas.

Tem tratamento?

Não tem um remédio específico para caxumba. O tratamento consiste em aliviar os sintomas de dor e mal estar e fazer repouso para que o próprio organismo combata o vírus. É preciso que o doente fique isolado para evitar a proliferação da doença.