Desde a prisão de Adilson Florêncio da Costa, há dois dias, uma família residente em Brasília revê o capítulo mais triste de sua história. O patriarca dela deu a vida para salvar o homem levado pela Polícia Federal sob a acusação de integrar um esquema que desviou R$ 90 milhões da Postalis e da Petros, os fundos de pensão dos funcionários dos Correios e da Petrobras (leia Para saber mais). Em 27 de setembro de 1977, então com 13 anos, aquele que viria a ser o diretor financeiro da Postalis escapou da morte graças a um ato heróico do 2; sargento do Exército Sílvio Delmar Hollenbach. O militar atirou-se no recinto das ariranhas do Zoológico de Brasília ao presenciar o menino ser atacado pelos animais. Internado no Hospital das Forças Armadas (HFA), Hollenbach ainda sobreviveu por três dias às mais de 100 mordidas dos bichos, mas sucumbiu a uma infecção generalizada, aos 33 anos.
Ao saber do destino do adolescente salvo pelo marido, na sexta-feira, a viúva do militar chorou. Abalada com o luto precoce, quatro filhos para criar, a gaúcha Eni Teresinha voltou a Porto Alegre logo após a morte do marido, para refazer a vida. Hoje, com 72 anos e morando em Brasília novamente, ela não gosta de recordar o episódio. Mas o filho mais velho dela com o sargento, o médico Sílvio Delmar Hollenbach Júnior, 46, quebrou o silêncio. No início da tarde de ontem, ele falou com exclusividade ao Correio.
Revelou que a mãe chorou ao saber da prisão do menino por quem o marido deu a vida. ;Ela não quis fazer nenhum comentário a respeito do assunto. Só chorou;, ressaltou o homem que carrega o nome do pai. O militar deixou outros três filhos. Todos estudaram e se dedicaram a suas profissões. Paulo Henrique, 44, se tornou analista de sistemas no Banco Regional de Brasília (BRB). Bárbara Cristine, 42, é advogada em Porto Alegre. Débora Cristina, 39, dá aulas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Momentos difíceis
Eni Teresinha e os quatro filhos viram o sargento Hollenbach entrar no viveiro de ariranhas naquele fatídico setembro 1977. O militar passeava com a família para comemorar a aprovação no vestibular de agronomia da Universidade de Brasília (UnB). Quando os Hollenbach estavam de saída do zoo, ecoaram gritos desesperados do recinto das ariranhas. Era Adilson. Ele havia se desequilibrado e caído entre os animais. Sílvio Júnior testemunhou a reação do pai. ;Ele disse: ;Tem gente lá dentro;. E saiu correndo;, lembrou o médico, que era criança na época.
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