Cidades

Grupo fará campanha contra projeto que prevê mudanças na Lei Maria da Penha

Segundo ativistas, houve avanços na luta, mas é preciso ir ao cerne da questão

postado em 29/06/2016 06:00

Agna Alves Cruz diz ter o direito violentado diariamente:


Maria dos Santos Moreira de Souza, 36 anos, trabalhadora, mãe, amiga, filha. Morta há cinco dias pelo companheiro, Clebson Moreira Silva, 37, com uma facada no pescoço. Louise, Ericamar, Ednalva e pelo menos outras duas mulheres desde o começo deste ano também integram o rol de vítimas. Criado há dois meses para sepultar a tese de que crimes de ódio são cometidos em nome do amor, o Grupo de trabalho permanente contra o feminicídio iniciou a campanha #SomosTodosVítimas. O movimento foi lançado ontem, na Universidade de Brasília (UnB), durante o seminário Lei do feminicídio: processo histórico, aplicação e desafios. O encontro também resultou na mobilização contra o PL 07/16, que prevê alterações na Lei Maria da Penha. A proposta será votada hoje, às 10h, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

O encontro teve promoção da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, como uma das primeiras respostas do GT permanente. A ideia é levar para o meio da sociedade a discussão sobre o feminicídio. Enxergar de forma clara quando uma mulher é morta pela condição de seu sexo. Mais do que isso, não deixar o caso sem punição. O debate foi pautado em cima de um país que, entre 2009 e 2011, deixou que fossem assassinadas 16,9 mil mulheres, segundo os últimos dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

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O trabalho traz também a mobilização em prol da denúncia, pelo Disque 156, opção 6. O nome da campanha do governo ; Violência contra a mulher, quando não mata, fere ; teve como inspiração a série publicada pelo Correio em maio (Veja quadro). ;Nós, mulheres organizadas ou não, temos um papel importante na construção de políticas públicas. Só nós sabemos como é ser mulher. É importante debater o feminicídio, mas o debate tem que ser muito anterior à lei. Como se chega ao feminicídio? O que é o machismo? Precisamos debater a questão de gênero e propagar o ideal de que mulher não é objeto;, ponderou a presidente do Conselho dos Direitos das Mulheres do DF, Wilma Rodrigues.

No ano passado, o Ligue 180 da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República recebeu 749.024 ligações no Brasil. O DF tem a maior quantidade de atendimentos. Das 13.066 ligações registradas no Ligue 180 referentes à capital federal, 2.095 eram de histórias de violência ; a média é de 5,7 casos por dia. Quase metade só de agressão física.
A servidora pública e representante do Coletivo de Mulher com Deficiência do DF, Agna Alves Cruz, 34, não tem um autor para punir. É violentada quase todos os dias nos seus direitos. Primeiro, por ser mulher. Depois, por ser cadeirante. Deficiência que chegou há apenas cinco anos. De lá pra cá, foi abandonada pelo marido, passou a ser vítima de violência psicológica pela família e por aqueles que, todos os dias, ainda a veem como uma incapaz. ;No ônibus, os cobradores me perguntam se eu quero que eles me peguem no colo, com a pior cara possível. Hoje, me sinto privada, presa, não pela cadeira, mas pelo comportamento das pessoas.;

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