postado em 04/07/2016 06:00
Há dois anos desempregado, Leandro Reis, 35 anos, não tem mais como esperar pela vaga ideal. Se a busca por um trabalho já parecia difícil em 2014, o cenário econômico de 2016 tem feito com que ele atire para todos os lados na procura por uma oportunidade no mercado formal. ;Estou apelando para o que tem. Motorista, vendedor, entregador. Não importa.; Essa exasperação, apesar de compreensível, pode ser o motivo pelo qual ele não consegue ser chamado.
O DF está entre as três regiões do país em que a taxa de desemprego ascendeu: passou de 18,6% em abril para 18,9% em maio, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Diante disso, as empresas se tornaram ainda mais exigentes na hora da admissão, devido à quantidade de candidatos que se apresentam querendo o serviço. E isso demanda um foco maior deles na hora de pleitear um cargo.
;Nessa situação, levamos até um mês para contratar alguém, o que seria bem mais rápido se não fosse a crise. Temos que ser mais criteriosos, mas sem esquecer de analisar todos que se oferecem;, explica William Monteiro, 26 anos, gerente administrativo de um salão de beleza. De acordo com ele, quanto mais desempregados, mais necessidade de ficar atento no momento de contratar, principalmente ao analisar se quem quer o trabalho tem as qualificações esperadas.
Lia Vicente, porta-voz do LinkedIn, rede social voltada para relacionamentos profissionais, garante que esse movimento já ocorre há alguns anos, mas foi intensificado pela situação da economia e se espalha por todas as faixas salariais. ;A crise faz com que as empresas queiram acertar mais na hora da contratação, já que o custo de contratar alguém que não seja adequado para o cargo é muito maior;, justifica. Assim, todo o processo se torna mais rigoroso para evitar qualquer gasto desnecessário. E isso pode se transformar em um problema para quem está na situação de Leandro.
Mesmo tendo cursos profissionalizantes, ele sente que o afunilamento no número de oportunidades têm tornado impossível acompanhar o nível de qualificação exigido pelas empresas. ;Eu me sinto como se estivesse fazendo uma prova de concurso público em todas as entrevistas. Isso quando eles não fazem exigências absurdas. Já perdi uma oportunidade porque era obrigatório ter o nome limpo;, reclama. Apesar de não haver regra expressa na Constituição e na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), consultar serviços de proteção ao crédito antes da contratação é considerado ato discriminatório pelo Ministério Público do Trabalho.
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