Cidades

Justiça do DF decidirá hoje o impasse entre metroviários e empresa

Constantes paralisações da categoria e de rodoviários, problemas nos ônibus e obstáculos jurídicos na licitação do sistema: os 550 mil usuários que precisam diariamente da estrutura vivem sob risco de faltas, atrasos e desconfortos

Flávia Maia, Nathália Cardim
postado em 05/07/2016 06:00
Impasse no metrô: Justiça decidirá o futuro da paralisação que faz os trens não rodarem fora do horário de pico e piora a situação
A greve do Metrô-DF tem um dia decisivo. Sem negociação entre a empresa e os empregados, caberá à Justiça a resolução do impasse. A reunião ocorre hoje às 9h, no Tribunal Regional do Trabalho. A paralisação dura 22 dias e é uma das mais longas da história. De um lado, os metroviários pedem correção da inflação, convocação de aprovados no último concurso e melhorias nas condições de trabalho. Em contrapartida, a companhia oferece a prorrogação da validade do certame para 2018 e diz que não pode chamar os concursados nem dar o reajuste pedido para não exceder gastos públicos, que estão no limite prudencial previsto em lei.

Na manhã de ontem, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários (SindiMetrô-DF) ofereceu uma contraproposta: a redução de jornada para 30 horas e o fim do funcionamento dos trens aos domingos. ;Se, durante o julgamento do dissídio, eles se posicionarem em relação a nossa proposta, realizaremos uma assembleia esta noite para avaliar a situação;, informou o diretor Ronaldo Amorim. A direção do Metrô se mostrou pouco receptiva aos termos expostos pelos metroviários. ;A contraproposta é absurda. Por isso, infelizmente, vai caber à Justiça a decisão sobre a greve;, alertou Marcelo Dourado, diretor do Metrô-DF.

[SAIBAMAIS]O conflito entre trabalhadores e empresa não é o único. Motoristas e cobradores da Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB) também estão de braços cruzados. A categoria pede 30% de reajuste salarial e 54% de aumento no vale-alimentação. ;Assim como o Metrô, não há o que ser feito no caso da TCB. As duas são empresas públicas e o GDF está no limite prudencial;, explica Marcos Dantas, secretário de Mobilidade. As paralisações constantes no transporte coletivo mostram a fragilidade do sistema, o que gera uma cidade sem movimento. Por dia, segundo a Companhia de Planejamento do DF, 550 mil pessoas se locomovem para o Plano Piloto. Assim, qualquer peça que trave tem repercussão na rotina de milhares de pessoas. Por isso, o acordo entre rodoviários e patrões, no domingo, foi um alívio para quem usa o serviço.



Embora o modo coletivo seja o principal mote da política de mobilidade local, os passageiros só têm reclamações. São linhas de ônibus que não cumprem horários, coletivos que não chegam a todos os endereços da cidade e falta de um sistema integrado. Fora a insegurança jurídica de um processo de licitação de ônibus que está sendo questionado na Justiça.O resultado é o uso cada vez mais constante do veículo próprio para a locomoção, gerando engarrafamentos. Embora o país passe por uma crise econômica, a frota do DF não deixou de crescer. Até mesmo as opções de transporte individual enfrentam problemas ; o serviço de táxi deixa a desejar e o Uber precisa de regulamentação.

De olho na qualidade do serviço de transporte coletivo, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) obrigou o GDF a entregar um plano de ação até 31 de julho. Prazo que o Executivo promete cumprir. ;O sistema atual é muito frágil. O poder público ainda não tem o controle adequado dos gastos e coloca dinheiro no escuro, sem saber como está sendo usado. Tivemos avanços importantes, mas não na intensidade e no prazo que queríamos;, finaliza Paulo César Marques, doutor em transportes e professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília.

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