O sistema carcerário da capital federal sofre com a lotação acima da capacidade das instalações. Atualmente, 15.062 detentos ocupam espaço adequado para 7.229 ; mais que o dobro do ideal. O número insuficiente de vagas desafia a Secretaria de Saúde a manter bons índices. As equipes de Atenção Básica Prisional (EABP) atendem somente 50% dos pacientes. Em alguns locais, a estatística é pior, como no Centro de Detenção Provisória (CDP). Lá, apenas 33% dos presos têm acesso a tratamentos. Hipertensão, doenças sexualmente transmissíveis, de pele, respiratórias e infectocontagiosas são as que mais acometem a população carcerária (leia Radiografia).
O marido da recepcionista Camila Lima, 30, está preso por tráfico de drogas. O homem de 37 anos já teve hanseníase, infecção intestinal e contraiu uma bactéria que fez com que ficasse internado por 15 dias e corresse o risco de amputar a perna esquerda. ;A limpeza é muito ruim. Lá tem muitos ratos e baratas. Há comida no chão, esgoto nas valas do pátio e lixo por toda parte;, conta a moradora do Recanto das Emas (veja Depoimento). ;Já houve casos de preso com tuberculose na convivência dos outros. Eu já peguei gripe lá dentro;, detalha. A pena total do traficante é de 20 anos.
Por ano, o Executivo local desembolsa R$ 17,6 milhões unicamente com a folha de pagamento dos 115 profissionais. Fazem parte do quadro 11 médicos, 15 enfermeiros e 15 psicólogos que promovem a assistência nos presídios do DF. Há ainda o apoio de servidores da Secretaria de Segurança Pública e Paz Social. São ofertados serviços como tratamento bucal, mental, dermatológicos e pré-natal. O atendimento é regulado pela Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) e pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A pasta admite falhas e estuda adequações no modelo de assistência e nos processos de acolhimento e acompanhamento durante o período de cumprimento das penas. A instalação de três alas de segurança nos hospitais de Base (HBDF), Regional da Asa Norte (Hran) e do Paranoá (HRPa), com enfermarias adaptadas para detentos, é considerada o maior avanço. O arremate do setor é elaborado entre as secretarias de Saúde e Segurança, além de, paralelamente, atender sugestões do Judiciário (Leia ao lado).
Gisele Aguiar Araújo, 26, ficou seis meses na Penitenciária Feminina por tráfico de drogas, em 2014. A operadora de telemarketing lembra de muitas detentas estarem doentes na cela onde se instalou. ;Tinha muita mulher febril e com doenças de pele. Uma infartou;, detalha. Há um mês, o marido da moradora de Santa Maria está preso por roubo. O rapaz de 23 anos se encontra no Hran com uma doença ainda não foi identificada. ;Foi descartada a tuberculose. Ele levou um tiro há um ano e, desde então, tem problemas ligados ao pulmão;, conta a mulher. ;A gente fica muito preocupada. Sei que a situação na cadeia não é boa.;
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique