Cidades

Época de calor e seca causa prejuízos no setor de agronegócio

Níveis baixos nos reservatórios, queimadas, queda na produção de alimentos e doenças de um dia a dia seco e quente. O brasiliense chega à metade de julho com perspectivas ruins até as chuvas voltarem. Confira os cuidados que devem ser tomados

postado em 16/07/2016 08:00

Níveis baixos nos reservatórios, queimadas, queda na produção de alimentos e doenças de um dia a dia seco e quente. O brasiliense chega à metade de julho com perspectivas ruins até as chuvas voltarem. Confira os cuidados que devem ser tomados


A situação de alerta declarada esta semana pela Defesa Civil não é pontual. Durante cinco dias consecutivos, os baixos índices de umidade relativa do ar ; por volta de 20% ; preocuparam as autoridades. As altas temperaturas, também. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), por volta das 16h de quinta-feira, Brasília teve a maior temperatura da história para o mês de julho: 30,8;C. Desde que começaram as medições, em 1961, a máxima para o período havia sido registrada em 2006, com 30,3;C. A falta de chuvas já dura 58 dias e revela prejuízos no setor do agronegócio brasiliense. Se não voltar a chover, as perdas para alguns agricultores podem chegar a 70%.

Uma das principais preocupações das autoridades é a situação dos reservatórios de água do DF. Para julho, nunca o nível esteve tão baixo. Segundo o presidente da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento (Adasa), Paulo Salles, a marca está abaixo do normal, em comparação a anos anteriores, mas nada para se preocupar se as chuvas vierem na época costumeira. Contudo, ele afirma que ;a sociedade precisa compreender que vivemos um período de incertezas climáticas e adotar uma cultura de sempre poupar água;.

O presidente do Comitê de bacias do Lago Paranoá e pesquisador da Embrapa, Jorge Werneck, confirma a dor de cabeça. Segundo ele, os níveis de água do lago ainda não são críticos, apesar da pouca chuva durante o ano. Mesmo assim, ele afirma que será preciso aumentar a rigidez na gestão do uso da água, inclusive com a necessidade de campanhas para a conscientização. ;É pouco provável que falte água este ano. Mesmo assim, precisamos ter cuidado. Se as chuvas forem ruins como agora, pode ser que em 2017 a água venha a faltar.;

Cuidados

Há as dificuldades do dia a dia. Ingrid Peixoto, meteorologista do Inmet, afirma que é importante ficar atento aos boletins, pois índices de umidade abaixo de 30% são extremamente prejudiciais à saúde, além de aumentar o número de queimadas. ;O Inmet emite três tipos de boletins: entre 30% e 20%, pedimos atenção; entre 20% e 12%, é um alerta; abaixo de 12%, já é decretado estado de emergência.;

O ajudante de obras Carlivam dos Santos Costa, 32 anos, piauiense recém-chegado em Brasília, trabalha todos os dias sob o Sol e não se esquece de passar o protetor solar e tomar água. E brinca com a terra natal. ;Às vezes, é mais frio, mas agora que está calor, não tem muita diferença;, sorri. José Madureira, 58, veio do Tocantins há 15 anos e criou um esquema simples para fugir do calor e da seca. ;Quando fico cansado e com calor, procuro uma sombra para descansar e logo voltar ao serviço.;

O dermatologista e tesoureiro da Associação Brasileira de Alergias e Imunologia (Asbai), Rubens Marcelo Souza, explica a relação entre a baixa umidade e a saúde: ;Para as nossas vias respiratórias funcionarem sem problemas, é necessário haver uma boa umidade para a produção de muco. Sem ele, nossas vias ficam expostas a agentes infecciosos. É justamente nesta época de seca que se tem a maior concentração de poluentes no ar;. Os principais afetados são crianças e idosos.

Produção

Outra vítima da falta de chuva é o agricultor brasiliense. Segundo Jorge Werneck, os produtores estão se reunindo, em uma iniciativa chamada alocação negociada de recursos hídricos. O objetivo é arrumar um esquema de irrigação que permita produzir o mínimo durante o período da seca. ;Alguns produtores têm sistema de irrigação pronto para mais de uma safra, mas, com a falta de água dos rios, em função de menor incidência de chuvas, cerca de 30% dos pivôs centrais que regam as plantações não têm como funcionar;, explica. Jorge aponta que as medidas para essa época são as menores já registradas. A média do índice pluviométrico do DF é de 1.300mm por ano. Em 2016, a marca atingiu somente 600mm.

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